JOÃO CRUZ: “Um cidadão canadiano entregou ao Comando uma carta em português a agradecer-nos!”

04.7.2023 – 

Está de férias e acedeu a contar aos leitores do Jornal Mira Online, em exclusividade, como correu a missão no combate aos fogos do Canadá. Eis, João Cruz, o homem que representou Mira na América do Norte…

JMO – Ao chegarem ao Canadá, qual foi a primeira impressão, sua e dos seus camaradas, sobre a situação?

JC – Na verdade, não sabíamos que tipo de missão nos esperava. Ficamos 2,3 dias a trartar da logística à espera do briefing, onde conheceríamos as regras do país e a adaptarmo-nos ao clima. Mas, devo deixar referenciado que, desde a primeira hora fomos muito bem recebidos tendo, também, sempre alguém que falava em português. Foi fantástica a maneira como os canadianos nos trataram! Para além disso, tenho de dizer que, não havendo somente bombeiros na nossa força operacional, não havia absolutamente nenhuma diferença de fardas entre nós…

JMO – A forma de atuação no terreno, no Canadá, diferencia-se muito da nossa?

JC Antes de mais, é preciso deixar claro que eles vivem muito à volta da palavra “segurança”! Desta forma, deparamo-nos com a situação do fogo estar a cerca de 20 quilómetros e a população local já tinha sido evacuada antes mesmo de lá chegarmos! Na verdade, estivemos em combate direto com as chamas só por 2 ou 3 dias, quando aconteceram ignições. Atuávamos conforme as indicações recebidas – lá o combate ao fogo é essencialmente “indireto”. Acabamos por receber a mensagem de que estavam muito satisfeitos com a Força portuguesa, pois também procuramos atuar à maneira com a qual estamos acostumados.

JMO – Onde atuaram no terreno?

JC – A Força foi empenhada em Lebel-sur-Quévillion, na Província do Quebec, uma das mais afetadas pelos incêndios, em conjunto com os americanos. Onde estivemos, era uma aldeia com cerca de 2.500 habitantes e, como disse anteriormente, estava evacuada. Os habitantes acabaram por ser autorizados a retornarem às suas casas. Porém, aconteceram ignições e o fogo acabou por se descontrolar, o que levou a que as autoridades locais ordenassem, novamente, a evacuação.

JMO – Vivenciou ou algum companheiro vivenciou situações mais perigosas?
JC – Não! Nunca nos sentimos inseguros.
JMO – Qual a memória mais forte que trouxe desta missão?
JC – Os últimos dias foram, seguramente, bastante intensos em se tratando de emoções. Por exemplo: um cidadão canadiano entregou uma carta em português ao Comando a agradecer-nos! Na nossa saída tivemos carros a buzinar, a mostrar que gostaram da nossa presença e do nosso trabalho. O forte espírito de equipa também ficará marcado na minha memória. Saber que honramos nossas Corporações, nossas terras e o nosso país é algo que dificilmente seremos capazes de esquecer!
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