JOANA GASPAR: UMA NOVA FACE PARA A “VELHINHA” FILARMÓNICA DE MIRA

Quando resolvemos convidar a Filarmónica de Mira para se a conhecer um pouco mais aos nossos leitores, pensamos rapidamente nela: uma pessoa jovem, cheia de energia, dinâmica e capaz de agilizar uma casa com os pergaminhos de quem já tem quase cento e cinquenta anos!

Assim, chegar à fala com Joana Gaspar, mais que uma verdadeira lição musical, é um prazer…

Primeiro, foi-nos mostrando os cantos da casa (a “Casa da Música” de Mira), e pausadamente foi nos dando pormenores do que é a Escola de Música, onde – ainda tão jovem – é a diretora pedagógica. Não é para todos, nem para os “iluminados”, nem para os “favorecidos”… este é um cargo que exige concentração máxima, perspicácia, intuição e – acima de tudo – muita capacidade, para planear toda uma época musical, encarar os problemas que vão aparecendo e seguir em frente, como se nada tivesse acontecido!
A paixão pela Filarmónica vem normalmente do facto de quase todos os músicos terem alguém conhecido ali, algum amigo ou familiar que lhe incute o gosto pela música. Este é um caso mesmo de amor, pois – segundo ela, que trabalha e faz mestrado no Porto – se não fosse as atividades relacionadas com a música e a Filarmónica, não viria todos os finais de semana a Mira devido a distância.
Mas, entre idas e vindas com a banda por este Portugal, em todos os seus cantos, estes músicos dedicados vão encontrando sempre motivos para sacrificarem um “bom bocado” de suas vidas pessoais em prol da arte. São reconhecidos, são acarinhados, são mimados com surpresas, gestos e afetos que valem mesmo a pena!
Nem tudo são rosas, é claro! Também há o desânimo de verem sempre as mesmas pessoas, de não terem muitas vezes “em casa” o mesmo reconhecimento que granjeiam por outros lados bem mais distantes.
Mesmo assim, Joana Gaspar fala com muito orgulho, que o número de músicos da Filarmónica é bastante bom, dadas as circunstâncias e que – muito mais que a quantidade – esta banda destaca-se pela qualidade dos artistas que ali participam. Prova disto são as palavras do maestro António Saiote, que muito recentemente deu um curso de direção, na Filarmónica: “Desta Filarmónica” sairão músicos a nível nacional!”. Mais palavras, para quê?
Por fim, como a querer provar a vitalidade da Entidade da qual é peça atuante, Joana Gaspar deixou-nos um pouco do que foi feito, e o que se fará nos próximos tempos:  Desde Dezembro já aconteceu um estágio com o maestro espanhol Jose Petit, um workshop de manutenção de instrumentos, master class de clarinetes, master class de fagote, a presença do professor Huges Kestman e o curso de direção do professor António Saiote. Para o próximo mês haverá um master class de trompete, outro de saxofone e outro, ainda, de tubas. Todos terão professores de nível superior e, muitos deles, reconhecidos internacionalmente.
São instituições como estas que justificam o nome “cultura”. Dão-nos orgulho. Motivos para segui-los pessoalmente, ou através dos canais existentes de comunicação…
Por que, são estas, as verdadeiras faces do talento, da magia da arte. Aqui não há lugar para o supérfluo, o apelativo ou algo que o valha.
Aqui, treina-se muito. Faz-se muito. Batalha-se imenso. Tudo em nome de quem os assiste!
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