São cinco pequenas histórias sobre como algumas das IPSS´s de Mira têm convivido com todas as incidências causadas por um vírus que chegou para “revolucionar” a vida de todos. Contamos, proximamente, mostrar outras IPSS´s que se encontram, da mesma maneira, a enfrentar o fenómeno COVID-19…
Cercimira
Nuno Castelhano foi quem falou à reportagem do Jornal Mira Online. Segundo ele, “Tudo tem corrido “bem” dentro das naturais limitações”. Com o Plano de Intervenção colocado rapidamente em prática, os trabalhos das colaboradoras e os da manutenção “continuam a decorrer de uma forma normal, dentro do possível”.
Quanto à operacionalidade desta importante IPSS do Concelho, “previnir” é a palavra de ordem em todos os segmentos, para que nem residentes, nem funcionários sejam infetados. Os equipamentos de proteção, a higiene, a troca de roupas… nada é deixada ao acaso. Existem, em residência, 16 utentes a serem “apoiados a 100%” numa casa que alberga, ainda, outras 58 pessoas a realizarem formação e 87 em atividades ocupacionais. Estas 145 pessoas, não se encontram em atividades, uma vez que não estão a acontecer nem a formação profissional nem as atividades ocupacionais. Para além disto, as “visitas foram canceladas desde a primeira hora, no intuito de salvaguardar a saúde de todos: utentes, familiares e profissionais da casa”
Obra do Frei Gil
O Homem do leme da casa que alberga rapazes na Praia de Mira, Gonçalo Mendes, dá-nos conta de que, apesar da “falta de recursos humanos” a instituição tem procurado manter-se atenta “a tempo inteiro” sempre com uma postura cautelosa” em nome da qualidade de vida e de saúde dos 12 utentes que continuam a residir naquele local.
Devido à pandemia, 14 rapazes tiveram os pedidos autorizados para permanecerem junto de suas famílias enquanto perdurar a situação. O espaço está vedado para visitas desde o dia 13 de Março e a compreensão daqueles que ficaram, “é boa, pois estes rapazes estão consciencializados para toda esta problemática” .
UPAS – Unidade Paroquial de Apoio Social da Praia de Mira
Sílvia Ribeiro foi a porta-voz de mais esta importante instituição de solidariedade social da Praia e do Concelho, no seu todo. Ela começou por informar que “tendo sido encerrado o centro de dia, mantivemos o nosso apoio nos seus domicílios, naquilo que é o básico na vida de qualquer ser humano: a alimentação e a higiene para além do que é feito de forma regular no nosso serviço domiciliário!”
A encarregada mostrou-se bastante agradada com a disponibilidade de quem partilha, juntamente com ela, a realidade da casa. São 10, as colaboradoras que tudo têm feito para que os cerca de 40 utentes continuem a ser atendidos da melhor forma, atempadamente.
O trabalho vai para além do que se espera de uma entidade como esta, no atual momento. As funcionárias também vão às compras, à farmácia ou onde for preciso para que os utentes tenham satisfeitas as necessidades básicas, sem terem de se deslocar para locais onde possam ser infectados.
Sentindo-se “muito feliz com o Município quem nos tem oferecido batas e máscaras e com a Junta de Freguesia que tem desinfetado todo o nosso espaço exterior”, ainda assim, não deixou de salientar que “faltam-nos mais materiais de proteção como, por exemplo, fatos descartáveis, botas descartáveis…”.
Quanto à forma que os utentes têm sentido esta fase, Sílvia Ribeiro diz que “no geral, estão a suportar bem a mudança. Aqueles que estão juntos dos familiares estão a agir o melhor possível. Temos 2 ou 3 casos de stress naqueles que vivem isolados, mas fazemos as nossas visitas diárias e acabamos por contornar a situação”.
Associação de Idosos Mirenses
Coube à Cristina Pintassilgo dar a conhecer como está sendo passada a Quarentena naquela instituição.
Curiosamente, ela afirma que a casa “não está a trabalhar de forma diferente do que já estávamos a fazer há algumas semanas”. Exemplificando, a encarregada de toda a parte operacional do lar diz que “mudamos os turnos no dia 23 e, antes, já havíamos restringido as visitas e encerramos o centro de dia”.
As pessoas que não possuem familiares com possibilidades de tratarem delas, estão a ser apoiadas no que se refere à higiene e à alimentação.
Mas, Cristina Pintassilgo quis deixar uma palavra “de enorme orgulho” à equipa que dirige. “Foi feita uma ginástica brutal na mudança de hábitos de trabalho por todos. Sinto-me extremamente orgulhosa e agradecida por todas estas mulheres e homens que estão a dar tudo por tudo por esta casa num momento tão difícil. Sabe? eles também têm famílias, mas – desde a primeira hora – entraram com “a cara e a coragem” nestas alterações duras, porém necessárias. Estão, todos – sem exceção – a “dar o litro” e isto é revelador de que somos capazes, como seres humanos, do melhor que há dentro de nós! Os utentes, a instituição e eu, concretamente, somos muito gratos ao esforço enorme que estão a fazer”, afirmou.
Centro Social e Paroquial do Seixo de Mira
Na parte mais a norte do Concelho de Mira está localizado o CSP do Seixo de Mira, cuja responsabilidade operacional está a cargo de Raquel Almeida, que deu-nos um panorama sobre o efeito da COVID-19 naquele lar.
Os cerca de 32 utentes não têm recebido visitas e, mais ainda, só entram e saem da instituição, colaboradores e fornecedores que também não se contactam, aquando da entrega de mantimentos e materiais.Tudo a pensar no bem comum de quem ali está!
Existindo 27 pessoas a receberem apoio comunitário, também aqui existe a preocupação de não haver contatos das operacionais que tratam desta área com as que estão a atuar no edifício principal.
Os quartos e as alas comuns são “desinfetadas várias vezes ao dia” bem como todos os quartos e corredores possuem frascos de álcool gel. Tamanha atenção para com esta área importantíssima para se evitar contágios, talvez seja reflexo de existirem 3 enfermeiras na Direção da casa…
Não havendo “ninguém com sintomas” a diretora afirma que “estão todos a reagir bem, calmos e serenos”. Tanto é assim que “o fisioterapeuta continua a trabalhar normalmente” o que contribui para que, além de poderem andar nos amplos espaços circundantes ao edifício, os utentes se sintam a viver dentro “do mais perto possível da normalidade”.
Por último, Raquel Almeida fez questão de agradecer ao “constante contato da Câmara Municipal, da Proteção Civil de Mira, onde o Ângelo Lopes tem-se mostrado incansável, também ele, para que nada nos falte. Não podemos deixar de referir a nossa Delegada de Saúde, a nossa médica e o Presidente da Junta de Freguesia, Tiago Cruz, que não nos faltam em nada. Para dizer a verdade, posso afirmar que esta casa tem condições que outras casa que conheço, em outros Concelhos, não têm nem sonham ter…”
Francisco Ferra / Jornal Mira Online