O organismo que investiga acidentes ferroviários espera concluir até julho a investigação ao descarrilamento do comboio Alfa Pendular, na vila de Soure, distrito de Coimbra, que provocou dois mortos e 44 feridos, há exatamente meio ano.
Em resposta enviada à agência Lusa, o Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF) diz que “tenciona publicar o relatório final da investigação no prazo de até um ano após o acidente [31 de julho], conforme as práticas recomendadas internacionalmente”.
O descarrilamento do comboio Alfa Pendular, com 212 passageiros a bordo, provocou, em 31 de julho de 2020, dois mortos (os trabalhadores que seguiam no veículo de conservação de catenária – VCC) e 44 feridos, oito dos quais graves.
O comboio seguia no sentido sul-norte com destino a Braga e o descarrilamento deu-se após o Alfa Pendular abalroar um VCC, que entrara na via, segundos antes, junto à localidade de Matas.
Na resposta enviada à Lusa, o GPIAAF acrescenta que a “investigação envolve, neste momento, diversos fluxos paralelos”.
Este organismo destaca a “análise da informação recolhida da simulação do acidente”, que realizou no local com um VCC similar ao envolvido no desastre, e “a análise do comportamento estrutural e de sobrevivência dos veículos ferroviários envolvidos”.
A “análise das componentes relevantes do ‘Sistema de Gestão da Segurança’ do gestor da infraestrutura ferroviária, incluindo as disposições relativas à análise e controlo do risco da circulação de veículos de manutenção em linhas abertas à exploração e ao processo de análise, e introdução de melhorias relativo a ocorrências com este tipo de veículos no passado”, são outros dos pontos a ter em conta pela investigação.
O GPIAAF refere que tem procedido também “à recolha de informação em diversos países estrangeiros quanto às práticas utilizadas no controlo do risco na circulação de veículos de manutenção em via aberta à exploração”.
Esta entidade pública recorda que, de acordo com informação recebida do Instituto de Mobilidade Terrestre (IMT), enquanto autoridade nacional de segurança ferroviária, “as entidades responsáveis, [nomeadamente a Infraestruturas de Portugal – IP], em cumprimento das respetivas obrigações, tomaram nos dias seguintes ao acidente diversas medidas cautelares por forma a eliminar a repetição das circunstâncias em que o acidente ocorreu”.
Tais circunstâncias, lembra o GPIAAF, foram identificadas na Nota Informativa por si publicada, um dia após o acidente.
No documento, este organismo revelou que o veículo de conservação de catenária (VCC), no qual seguiam duas pessoas, passou um sinal vermelho e entrou na Linha do Norte, tendo sido abalroado pelo comboio Alfa Pendular.
O GPIAAF acrescentou que o VCC “do gestor da infraestrutura [IP] tinha marcha estabelecida para a sua deslocação entre o Entroncamento e Mangualde”, era tripulado por dois trabalhadores (as duas vítimas mortais) e “não iria realizar quaisquer trabalhos no decurso da sua viagem”.
Também o Ministério Público anunciou, poucos dias após o descarrilamento, que iria investigar o acidente.
Lusa