Trinta e quatro empresas portuguesas de calçado participam, de hoje a terça-feira, na maior feira internacional de calçado, em Milão, Itália, num dos “regressos mais esperados” após um ano sem edições presenciais, segundo a associação setorial.
“É um dos regressos mais esperados”, admite a Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado, Componentes, Artigos de Pele e Seus Sucedâneos (APICCAPS) em comunicado.
O presidente da APICCAPS, Luís Onofre, destaca que “a MICAM é a principal feira do setor e é muito relevante para as empresas nacionais, uma vez que reúne os maiores ‘players’ do setor a nível mundial”, pelo que “a presença portuguesa na feira “é da maior importância para retomar os negócios”.
A participação nacional na MICAM insere-se na estratégia promocional definida pela APICCAPS e pela Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), com o apoio do Programa Compete 2020, e visa consolidar a posição relativa do calçado português nos mercados externos, para onde o setor exporta mais de 95% da sua produção.
Segundo a associação setorial, Portugal “resistiu melhor” que os concorrentes internacionais ao impacto da pandemia na indústria de calçado e evidencia já “sinais de recuperação” no primeiro semestre deste ano, com um crescimento homólogo de 12,3% das exportações.
Estando o setor “ainda dependente da evolução de vários indicadores” — desde a evolução da pandemia, à situação no Afeganistão, aumento dos custos das matérias-primas e dificuldades logísticas — a APICCAPS admite que “dificilmente atingirá já este ano os níveis de 2019”.
Até junho, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), Portugal exportou 33 milhões de pares de calçado, no valor de 752 milhões de euros, o que representa um crescimento homólogo de 12,3%.
De acordo com a APICCAPS, estes “sinais de recuperação” seguem-se a um ano de 2020 “extremamente difícil para as empresas portuguesas de calçado”, que terminou com uma quebra de 16,3% das vendas para o exterior, no valor de 1.494 milhões de euros.
“Ainda assim, num ano de todas as dificuldades, Portugal ganhou quota de mercado”, salienta a associação, já que os principais concorrentes da indústria portuguesa de calçado sofreram um impacto ainda maior: a Itália (8.000 milhões de euros exportados) registou uma quebra de 23% e Espanha de 16,1% (para 2.400 milhões de euros).
Traduzindo a aposta nas marcas próprias e o perfil internacional do setor português de calçado, esta indústria criou 272 novas marcas desde 2010, das quais 203 foram registadas como comunitárias e 69 apenas em Portugal.
As empresas nacionais participantes na 92.ª edição da MICAM Milano recebem hoje, no primeiro dia da feira, a visita do secretário de Estado Adjunto e da Economia, João Neves.
Lusa