“Incontinência Urinária: vamos falar sobre isso?” (Seção Regional do Centro Ordem dos Enfermeiros)

03.03.2025 –

No dia 14 de março, assinala-se o Dia Mundial da Incontinência Urinária, uma condição que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, mas que ainda é frequentemente negligenciada e envolta em estigma. Esta data tem como objetivo sensibilizar a sociedade para o impacto desta condição na qualidade de vida das pessoas e destacar a importância de intervenções eficazes, onde o Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Reabilitação desempenha um papel determinante.

A incontinência urinária não é apenas um problema físico; tem implicações emocionais, sociais e económicas significativas. Muitas pessoas evitam sair de casa, isolam-se e perdem a sua autoestima devido ao receio de situações constrangedoras. O impacto na saúde mental pode ser profundo, levando a ocorrência de ansiedade e depressão. É precisamente aqui que a intervenção especializada faz toda a diferença!

O Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Reabilitação possui competências fundamentais para abordar esta condição de forma integrada. A sua intervenção não se limita ao alívio dos sintomas, mas visa a reabilitação funcional e a promoção da autonomia. Através de programas personalizados de fortalecimento do pavimento pélvico, técnicas de treino vesical, educação para a mudança de hábitos e apoio psicossocial, este profissional ajuda as pessoas a recuperar o controlo da sua função urinária e a melhorar a sua qualidade de vida.

Mais do que apenas tratar a incontinência, o Enfermeiro Especialista empodera as pessoas, ensinando-lhes estratégias eficazes para gerir a sua condição, reduzindo a dependência de dispositivos absorventes e prevenindo complicações como infeções urinárias ou lesões cutâneas. A incontinência urinária pode afetar todas as pessoas, embora seja mais comum em idosos, mulheres após o parto e em determinadas condições clínicas. Doenças neurológicas, como AVC, Parkinson, esclerose múltipla e lesões medulares, podem comprometer o controle da bexiga, assim como a diabetes, que afeta os nervos responsáveis pela micção. Além disso, as infeções urinárias recorrentes, o aumento da próstata nos homens e a fraqueza dos músculos do pavimento pélvico também estão entre as causas mais associadas a este problema, impactando significativamente a qualidade de vida.

Assim, e para todos, esta intervenção pode representar um verdadeiro renascimento, restituindo-lhes confiança e dignidade. Apesar da sua relevância, a incontinência urinária continua a ser um tema pouco discutido e, muitas vezes, subestimado nos serviços de saúde. É imperativo que se promova uma maior consciencialização sobre esta condição e acerca da importância do Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Reabilitação neste domínio, garantindo que mais pessoas tenham acesso a intervenções eficazes e baseadas na melhor evidência.

Neste Dia Mundial da Incontinência Urinária, deixamos um apelo à sociedade e às entidades de saúde: invistam na reabilitação, promovam o acesso a cuidados especializados e desmistifiquem esta condição. Porque viver sem medo e com dignidade é um direito de todos!”

 

Por Inês Abalroado
Enfermeira Especialista em Enfermagem de Reabilitação, Mestre em Enfermagem de Reabilitação, Doutoranda em Enfermagem, secretária do Colégio de Enfermagem de Reabilitação da Ordem dos Enfermeiros.