Mobilidade e Inclusão foi o tema da conferência proferida no dia 30 de abril, no salão nobre dos Paços do Concelho de Cantanhede, por Rogério Gomes, doutorado em Ciências Ambientais pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, mestre em Ambiente e Território pela mesma instituição e co-coordenador do doutoramento em Urbanismo e Ordenamento do Território da Universidade Lusófona. Também dirigente da URBE, ONG orientada para o desenvolvimento e o apoio à gestão de centros urbanos, o especialista veio à autarquia cantanhedense falar sobre alguns princípios orientadores que podem ajudar a resolver problemas e condicionamentos decorrentes de algumas opções económicas, produtivas e urbanísticas do passado que não favorecem a inclusão e afetam negativamente a qualidade de vida das comunidades.
Abriu a sessão a líder do executivo camarário, Helena Teodósio, que, perante uma plateia constituída por engenheiros, arquitetos, urbanistas e outros técnicos, destacou “a mobilidade como fator crucial de inclusão”, lembrando a importância desta temática escolhida como mote das ações organizadas pela Câmara Municipal no âmbito das Comemorações do 45.º Aniversário do 25 de Abril.
A autarca aludiu “à necessidade de se acentuar a adoção de mecanismos tendentes a resolver os obstáculos que as pessoas com algum tipo de limitação têm de enfrentar. Esta é uma das nossas grandes preocupações”, afirmou, reconhecendo que “há ainda bastantes situações a corrigir em função das especificidades e das exigências próprias de cada contexto, pelo que estamos a intensificar intervenções no território procurando que deem resposta adequada aos novos desafios da mobilidade”. A este respeito, Helena Teodósio sublinhou que “só derrubando as barreiras arquitetónicas que ainda persistem seremos uma sociedade verdadeiramente inclusiva para todos, uma sociedade integradora onde ninguém se sinta excluído”, após o que destacou “alguns investimentos que a autarquia tem vindo a fazer ao nível da mobilidade, nomeadamente o importante conjunto as obras de requalificação urbana ou a construção da rede clicável, em curso nesta altura, entre outras”.
Segundo Rogério Gomes, “face aos erros cometidos no passado, tudo o que podemos fazer é adotar princípios de prudência na gestão urbanística na intervenção nos territórios e na implementação de soluções de mobilidade”. O especialista considera que “o metabolismo urbano tende a alimentar-se de todo o espaço urbano, o que levanta problemas complexos e exige respostas adequadas não apenas das entidades administrativas, mas também de toda a comunidade, pois esta é uma matéria que diz igualmente respeito aos cidadãos e aos agentes económicos e sociais”.
Entre o leque dos assuntos abordados, Rogério Gomes enunciou algumas questões essenciais da mobilidade inclusiva, designadamente “as condições de acessibilidade, os princípios da gestão urbana neste campo e em matéria de segurança, a existência de mecanismos de coordenação entre autoridades, comércio e serviços a respeito da inclusão na acessibilidade, a existência de mecanismos para lidar com os problemas, os conflitos e os usos múltiplos ou incompatíveis do espaço público urbano, bem como a relação entre as políticas de gestão urbana e as acessibilidades”.
Pequenos Passos, Grandes Dificuldades no âmbito da Jornadas pela Inclusão
Também no âmbito da Jornadas pela Inclusão promovidas pelo Município de Cantanhede realizou-se na manhã de 30 de abril, a ação Pequenos Passos, Grandes Dificuldades, que consistiu em propor aos munícipes a experiência de fazerem pequenos percursos em cadeira de rodas, andarilho, muletas ou com carrinho de bebé, no sentido de os sensibilizar relativamente às barreiras arquitetónicas. Participaram na iniciativa o vice-presidente da Câmara, os vereadores Célia Simões, Adérito Machado e técnicos da autarquia.