No último balanço semanal, realizado a 25 de julho, o total de área ardida era de 75.264 hectares e já era o maior no mesmo período da última década.
O comandante operacional nacional da Proteção Civil, Rui Esteves, revelou esta terça-feira que desde o início do ano arderam 118 mil hectares, foram registadas 8551 ocorrências de fogo florestal e detidas 71 pessoas.
Numa conferência de imprensa realizada na Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC), Rui Esteves alertou para o facto de atualmente os incêndios terem “um comportamento totalmente diferente devido ao combustível acumulado nas florestas e à ausência de ordenamento” o que faz com que sejam mais severos.
No último balanço semanal, realizado a 25 de julho, o total de área ardida era de 75.264 hectares e já era o maior no mesmo período da última década.
“Sabemos onde começam os incêndios nunca sabemos onde terminam”, disse Rui Esteves dando como exemplo que alguns incêndios este ano após dez minutos de fogo chegaram a ter projeções de cerca de 200 metros, algo “impensável no passado”.
O comandante nacional da ANPC explicou que os principais fatores que têm condicionado os incêndios são “a disponibilidade dos combustíveis face à sua elevada secura, a grande quantidade de combustível acumulado nos solos e ainda a ocorrência de episódios com temperaturas muito elevadas e ventos moderados a fortes”.
Além da falta de ordenamento e da acumulação de combustíveis nos terrenos a percentagem de seca no território também não ajuda no combate aos incêndios.
Este ano, 7,3% do território nacional está em seca extrema e 72,3% em seca severa, percentagens que contrastam com os 38% em que caiu chuva severa registados em julho de 2016, segundo dados do IPMA.
No decénio (2007/2016), registou-se menos ocorrências, em média 8.064 e uma área média ardida de 21 mil hectares.
No que se refere aos fogos que deflagraram entre 25 e 31 de julho, foram detetados 870 incêndios florestais, mobilizados 27.427 operacionais que foram apoiados por 7.665 veículos e 559 missões com meios aéreos.
Os distritos que tiveram maiores ignições de fogo foram o do Porto, Viseu e Aveiro e os que tiveram maior área ardida foram Santarém, Castelo Branco e Portalegre.
Para a próxima semana, Rui Esteves manifestou-se “preocupado com o nível elevado de risco de incêndios previsto para os próximos dias”, prevendo-se uma subida de temperatura, uma diminuição da humidade relativa do ar e vento forte, especialmente nas terras altas, a partir de quinta-feira.
O nível elevado de riscos de incêndio não significa que eles ocorram, porém, referiu o responsável da ANPC, caso deflagrem serão “seguramente severos e terão comportamentos muito agressivos”.
Fonte: Lusa
Foto: José Manuel Cabo/TSF