A imigração de portugueses para o Reino Unido quase triplicou no quarto trimestre de 2020, antes do fim do prazo para garantir o direito de residência pós-Brexit, mas o valor anual foi o mais baixo desde 2002, revelam estatísticas oficiais.
Dados do Ministério do Trabalho e Pensões publicados hoje mostram que 168 portugueses inscreveram-se na Segurança Social entre setembro e dezembro de 2020, uma subida face os 60 registos do trimestre anterior, de julho a setembro.
O registo na Segurança Social é um requisito para poder trabalhar e beneficiar do sistema de apoio social no Reino Unido e um indicador usado para calcular os fluxos demográficos para o país.
Com o fim do período de transição pós-Brexit, a 31 de dezembro, acabou a liberdade de circulação de europeus no Reino Unido, pelo que cidadãos da União Europeia (UE) tinham até ao final do ano de se estabelecer em território britânico de forma a garantir o estatuto de residente.
Aqueles que tenham chegado depois, em 2021, estão sujeitos ao novo sistema de imigração por pontos, que exige, entre outros requisitos, contrato de trabalho, conhecimentos da língua inglesa e um salário mínimo.
O aumento de registos de portugueses no último trimestre acompanhou o panorama geral entre os cidadãos europeus, pois entre setembro e dezembro de 2020 o Ministério do Trabalho contabilizou 3.235 inscrições na Segurança Social, o triplo das 1.164 do trimestre anterior.
A investigadora do Observatório da Emigração, Inês Vidigal, admite que tenha existido algum esforço de última hora para a legalização no país, mas acredita que o aumento no fim de 2020 estará mais relacionado com o restabelecimento da mobilidade em termos internacionais, afetada pela pandemia de covid-19.
“Nos dois semestres intermédios do ano as fronteiras estiveram fechadas, mas no último trimestre a circulação passou a ser mais fácil. Também poderá ter havido uma compensação dos serviços [do Ministério do Trabalho], que terão estado limitados”, disse, em declarações à agência Lusa.