O presidente da França concedeu a Jacqueline Sauvage, condenada a dez anos de prisão pelo assassinato do marido, que abusou dela e dos quatros filhos durante décadas, uma “remissão de sentença”.
François Hollande, presidente da França, concedeu a Jacqueline Sauvage, condenada a dez anos de prisão pelo assassinato do marido, que abusou dela e dos quatros filhos durante décadas, uma “remissão de sentença” que lhe permite “apresentar imediatamente um pedido de liberdade condicional”.
Em comunicado, o Palácio do Eliseu esclareceu, domingo, que “o presidente quis, enfrentando uma situação humana excecional, tornar exequível, o mais rapidamente possível, o retorno de madame Sauvage à sua família”. A redução da pena em “dois anos e quatro meses” permite cobrir o resto da sentença que ainda faltava cumprir para o pedido da condicional.
Na sexta-feira, o chefe de Estado recebeu no Eliseu três filhas de Jacqueline e o seu advogado. Após a audiência, pediu um tempo de reflexão e consultou depois o ministro da Justiça, Jean-Jacques Urvoas, e o primeiro-ministro, Manuel Valls. Domingo, em nova audiência com o advogado de Jacqueline, comunicou a sua decisão. O presidente “queria tomar uma posição sobre esta situação excecional, mas com respeito pelo poder judicial”, declarou a comitiva de François Hollande à agência AFP.
Jacqueline Sauvage esteve casada 47 anos, sofrendo abusos físicos, incluindo sexuais e psicológicos por parte do marido, que abusou, também sexualmente, dos quatro filhos. Em 2012, horas depois de um dos seus filhos se ter suicidado, pegou numa arma e disparou três tiros sobre o marido, matando-o. Jacqueline, de 68 anos, foi condenada a 10 anos de cadeia, porque a justiça entendeu que o seu ato não foi de legítima defesa.
A França emocionou-se e três ativistas iniciaram uma petição, que alcançou as 390 mil assinaturas, pedindo a Hollande um perdão presidencial. Em defesa da mãe, os filhos escreveram: “A nossa mãe sofreu tudo ao longo da sua vida de casada, vítima do nosso pai, um homem violento, tirânico, perverso e incestuoso”.
Fonte: JN