Um tribunal de Haia considerou que o Estado holandês tem responsabilidade civil nas mortes de 300 muçulmanos no massacre de Srebrenica, em Julho de 1995, durante a guerra na Bósnia.

Foi dada razão aos familiares das vítimas e sobreviventes. Segundo a instância, os “capacetes azuis” holandeses deviam ter protegido os homens e jovens muçulmanos que procuraram refúgio na base da missão da ONU, em Potocari.

“Os ‘capacetes azuis’ holandeses agiram de forma ilegal, ao cooperarem com a deportação organizada pelos sérvios da Bósnia. É um dado adquirido que 300 homens que foram levados teriam ficado vivos se os ‘capacetes azuis’ holandeses tivessem agido de forma correta”, anunciou a juíza Larissa Elwin.

O batalhão tinha como missão proteger o enclave muçulmano, declarado pela ONU uma “área segura” em 1993, tornando-se num refúgio para milhares de bósnios muçulmanos.

As forças sérvias da Bósnia mataram oito mil homens e jovens muçulmanos.O massacre de Srebrenica é considerado o maior assassinato em massa da Europa desde a Segunda Guerra Mundial e o primeiro caso legalmente reconhecido de genocídio na Europa depois do Holocausto. Os familiares das vítimas e sobreviventes pretendiam, no entanto, que a Holanda fosse responsabilizada pela totalidade das oito mil mortes. Conduto, o tribunal de Haia apenas atribuiu responsabilidades pela morte das 300 vítimas, que conseguiram entrar na base de Potocar, mas que foram depois entregues ao exército de Ratko Mladic e Radovan Karadzic.

A decisão, anunciada cinco dias depois do 19º aniversário do massacre, pode vir a afectar o futuro de outras missões de paz internacionais.

A guerra Bósnia de três anos provocou a morte de, pelo menos, 100 mil pessoas.