Guião pedagógico sobre a relação do jazz com as filarmónicas foi apresentado em Cantanhede

Qual a relação do jazz com as bandas filarmónicas portuguesas? De onde vem a música jazz? Quem a criou? Quem foram os principais intervenientes no seu aparecimento e no seu desenvolvimento? Que fatores contribuíram para o seu nascimento e para a sua afirmação mundial? Como se processou esta viagem do jazz pelo mundo? É a estas e outras questões que procura responder o guião pedagógico do maestro e etnomusicólogo Hélder Bruno Martins, lançado no âmbito do “HAPPY JAZZ – A música que nos une”, projeto multidisciplinar de carácter artístico-pedagógico e cultural organizado pelos municípios de Cantanhede, da Figueira da Foz e de Soure, ao abrigo de um programa da Comunidade Intermunicipal Região de Coimbra.

Trata-se de uma espécie de sebenta teórica que introduz os leitores, particularmente os músicos das 18 bandas filarmónicas daqueles três concelhos, na história sumária do jazz e da sua estreita articulação com este género de instituições com grandes pergaminhos na consolidação da cultura musical no país. “Este é o ponto de partida para as muitas sessões que acontecem ao longo deste período formativo e é, inquestionavelmente, uma excelente referência na abordagem teórica de base que suporta a compreensão introdutória desta matriz basilar como é o jazz”, refere o autor do guião. Segundo Hélder Bruno Martins, “a relação entre o jazz e as bandas filarmónicas é muito mais próxima do que eventualmente se possa pensar”, pois estas “estão ligadas, também elas, à receção e à emergência do jazz em Portugal”, processo sobre o qual “alguns musicólogos têm vindo a dar luz algumas informações relevantes, apesar de ser ainda relativamente escassa produção científica sobre o tema.

Para o vice-presidente da Câmara Municipal de Cantanhede, Pedro Cardoso, o documento elaborado por Hélder Bruno Martins centra o HAPPY JAZZ naquilo que é o essencial do projeto e permite trilhar outros caminhos. “Por outro lado, realça a dimensão histórica das bandas filarmónicas e, por isso mesmo, é um grande projeto, mas também o é pelo seu carácter intermunicipal, o que traduz uma visão inovadora de quem consegue olhar para lá dos limites do seu concelho e se aventura num projeto cultural em rede”, referiu o autarca.

A capacitação dos agentes culturais, a valorização turística dos territórios e a criação de novos públicos foram outras virtudes da iniciativa sublinhadas por Pedro Cardoso, para quem é prioritário “apostar na valorização do património cultural”.

Já o maestro Rui Lúcio, diretor artístico do HAPPY JAZZ, explicou que o projeto resulta da junção de pequenos projetos, capazes de proporcionar aos elementos das bandas filarmónicasmotivos para sonhar, referindo que o guião pedagógico vai ser essencial no trabalho a desenvolver, não apenas para os formandos, mas também para as escolas de música”.

Na sessão participaram também as vereadoras dos municípios da Figueira da Foz e Soure, Olga Brás e Teresa Pedrosa, respetivamente. Recorde-se que nesta altura está a decorrer a segunda fase do projeto – O Jazz na Filarmónica –, cujas ações assumem duas importantes vertentes, uma relacionada com a formação e outra com as performances em público, designadas por PandeMúsica.