O Grupo de Teatro Infantojuvenil da Biblioteca Municipal de Cantanhede regressa ao palco do seu auditório no próximo dia 5 de Dezembro, às 21h30, para a estreia do espetáculo que assinala a quadra de Natal, iniciativa recorrente desde o início da sua atividade em 2004. Este ano trata-se da encenação de “O clube dos sonhos”, da autoria de Natália Queirós, ex-juíza do Tribunal de Cantanhede, fundadora e dinamizadora da formação cénica, para o qual tem escrito as dezenas de peças e adaptações de contos já levadas a cena.
Depois da estreia, haverá uma segunda representação para o público em geral, no domingo, dia 7 de Dezembro, pelas 16h00 horas, estando ainda agendadas mais três atuações, neste caso especialmente dedicadas às crianças de escolas do concelho de Cantanhede: no dia 12 de Dezembro, às 14h30 assistirão a “O clube dos sonhos” os alunos das EB 1 do Corticeiro e de S. Caetano, no dia 15 de Dezembro às 10h30, será a vez dos da Escola Básica de Cantanhede Sul e, no dia seguinte, dos da Escola Básica de Cantanhede.
Estruturado em seis atos, “O clube dos sonhos” articula trechos em prosa com momentos de poesia, propondo, um desafio à imaginação e à fantasia do público a que se dirige, a partir da identificação de situações concretas. A autora refere-se ao conteúdo da peça como um ensaio de resistência «ao estado de espírito dominante, que tende a encarar os “sonhos” quase como uma afronta». Segundo Natália Queirós, «numa sociedade sepultada de “pesadelos”, desde o eclodir de epidemias e conflitos diplomáticos e não só, ao risco da eclosão da calota ártica, tudo vivenciado num clima de insuficiência de recursos básicos e de valores humanos, falar de sonhos requer uma incontestável dose de coragem e força para manter viva a chama da esperança». Nesse sentido, considera que «as crianças, a réstia de sonho que nos resta, merecem e precisam de sentir que a vida, a amizade e a interajuda existem e que a família tem capacidade para voltar a sonhar com elas».
Para a responsável do Grupo de Teatro Infantojuvenil da Biblioteca Municipal de Cantanhede, «as crianças precisam de sentir que ainda não estão totalmente isoladas e dependentes das máquinas da engrenagem moderna. Elas apercebem-se que algo não está bem na mente dos adultos e querem ajudar, mas precisam de adquirir consciência que o ser humano vale essencialmente pelo que tem de humano, pela fraternidade. Ora as máquinas não são fraternas, as máquinas absorvem o tempo de que os adultos precisam para eles e para os outros…»
A peça está centrada nas peripécias decorrentes do processo de tomada de decisão de um grupo de crianças em idade escolar relativamente à formação de uma espécie de clube destinado a refletir sobre os problemas com que se deparam e como resolvê-los. Sendo principal dificuldade identificada é a falta de tempo para brincarem juntos sem ser com “maquinetas”, o texto remete para alguns dos constrangimentos da vida familiar e social das sociedades modernas. As cenas são passadas na casa de família de alguns deles, no recreio da escola e na floresta, debaixo do velho plátano, que faz parte do imaginário que se vai desenvolvendo e onde os elementos “fantásticos” vão dando uma ajuda.
Grupo de Teatro Infantojuvenil da Biblioteca Municipal de Cantanhede
O Grupo de Teatro Infantojuvenil da Biblioteca Municipal de Cantanhede é constituído por 11 crianças e jovens, com idades compreendidas entre os 5 e os 16 anos. Este grupo teatral nasceu em 2004, por iniciativa de Natália Queirós que, após a sua jubilação como magistrada no Tribunal de Cantanhede, tem desenvolvido na cidade uma importante atividade cultural relacionada com as artes teatrais. Entre as iniciativas que tem levado a efeito, destaca-se a criação deste grupo que desde a sua fundação em 2004 já realizou 107 sessões de 21 espetáculos teatrais diferentes, aos quais assistiram mais de 13.000 pessoas, sobretudo alunos do 1º Ciclo do Ensino Básico do concelho. O Grupo de Teatro Infantojuvenil da Biblioteca Municipal de Cantanhede integra atualmente 11 elementos com idades que variam entre os 5 e os 16 anos. Alguns dos elementos mais antigos foram saindo, em função dos seus interesses e ocupações escolares, no decurso de um processo natural de renovação e o próprio grupo foi-se refrescando com a entrada de outros jovens atores.