Greve nos supermercados. Entre o “impacto residual” e a “grande adesão”

É o primeiro dia da greve dos trabalhadores de super e hipermercados.

Os funcionários dos super e hipermercados estão, este sábado e domingo, em greve por aumentos salariais, alterações de carreira e uma regulamentação dos horários de trabalho. Juntam-se hoje ao pessoal dos armazéns, que começou a paralisação na sexta-feira.

Numa altura em que muita gente recorre às grandes superfícies, a Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) garante estarem “asseguradas todas as condições para que os consumidores portugueses possam aceder a todos os serviços habitualmente prestados nesta época natalícia”.

Em comunicado, a APED informa que a paralisação deste fim-de-semana “regista um impacto residual e não está a afectar o normal funcionamento das lojas de retalho alimentar e não alimentar que fazem parte da rede” dos seus associados.

No texto é ainda reiterado um apelo ao diálogo, o compromisso de manter um “clima de equilíbrio social no sector” e um apelo ao “sentido de responsabilidade dos sindicatos, para que possam ser encontradas, em sede própria, as soluções mais adequadas no âmbito do processo de negociação dos termos e condições do contrato coletivo de trabalho”.

Do lado dos sindicatos, o dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP), considera que a greve está a ter “grande adesão”, sendo o balanço inicial “muito positivo”, segundo a dirigente Isabel Camarinha.

Por “ser fácil abrir lojas maiores com poucos empregados”, os efeitos notam-se em locais mais pequenos e “há uma série de lojas Minipreço que estão fechadas por todo o país”, esclareceu, em declarações à agência Lusa.

“Há uma grande adesão dos trabalhadores das lojas e continua nos armazéns”, resumiu a sindicalista, denunciando um “conjunto de ilegalidades cometidas para que as lojas estejam a funcionar” – como, por exemplo, “substituição de trabalhadores, alteração de dias de descanso e de horários, pressões, ameaças de faltas injustificadas e penalizações depois da greve”.

“Sabíamos que isto ia acontecer, mas não invalida que haja uma grande adesão”, acrescentou Isabel Camarinha, que admitiu a possibilidade de alguns trabalhadores escolherem parar só no domingo, por “razões económicas, pelos seus salários muito baixos”.

A greve foi convocada pelos sindicatos da CGTP e tem como objetivo pressionar a APED a evoluir na negociação do contrato colectivo, para que se concretizem aumentos salariais, alterações de carreira e regulamentação dos horários de trabalho.

Na sexta-feira, os trabalhadores dos armazéns e da logística do Lidl, Minipreço, Jerónimo Martins (Pingo Doce) e Sonae estiveram em greve e concentraram-se junto às respectivas empresas.

As empresas associadas da APED empregam 111 mil trabalhadores.

RR