A greve dos trabalhadores da Infraestruturas de Portugal (IP) e das suas filiadas registava até às 06:00 uma “forte adesão”, disse à Lusa fonte do Sindicato Independente dos trabalhadores Ferroviários, das Infraestruturas e Afins (SINFA).
Os trabalhadores da IP e das suas participadas (IP Engenharia, IP Património e IP Telecom) estão em greve hoje e no dia 02 de julho, reivindicando melhores condições laborais, nomeadamente, o aumento dos salários.
Em declarações à Lusa, António Salvado, do SINFA, adiantou que o “balanço da greve está a ser muito positivo e com grande adesão”.
“O balanço é bastante positivo. Temos uma grande adesão, mas na zona suburbana está a haver mais comboios. Os comboios regionais e de longo curso até agora não houve qualquer comboio. Vamos aguardar a entrada dos trabalhadores a partir das 08:00 e vamos ver como vai evoluir ao longo do dia”, disse.
De acordo com António Salvado, a adesão terá sido total fora dos Centros de Comando Operacionais (CCO), que asseguram os comboios suburbanos da Grande Lisboa e Grande Porto.
“Para já a ideia que temos é que a adesão terá sido total fora dos CCOS (…) Em termos de IP não tem havido qualquer trabalho de manutenção e conservação na linha férrea e em termos de estradas também nos parece que vai haver uma boa adesão, se bem que as pessoas entram às 08:00/09:00 e ainda é cedo para falar”, referiu.
De acordo com o balanço feito pela CP à Lusa cerca das 07:20, dos 68 comboios programados, realizaram-se 49, tendo sido suprimidos 19, dos quais 17 são do serviço regional e dois de longo curso.
A CP — Comboios de Portugal alertou para perturbações na circulação de comboios, em todos os serviços a adiantou que os clientes que tenham adquirido bilhetes para viagens nos comboios dos serviços alfa pendular, intercidades, interregional e regional podem pedir o reembolso total ou a revalidação do título, sem custos.
Também a Fertagus, que assegura a ligação ferroviária sobre a Ponte 25 de Abril, prevê para hoje a circulação de apenas “25% dos horários, com períodos de interrupção” devido à greve.
A plataforma de sindicatos que representam os trabalhadores da IP e das suas participadas entregou um pré-aviso de greve com início às 00:00 e término às 24:00 de hoje e 02 de julho, depois de os colaboradores já terem parado em 02 de junho.
“Os trabalhadores da IP e das suas participadas não aceitam a discriminação praticada pelo Governo e aceite pela empresa que decide pelo aumento de salário para 308 dos seus 3.784 trabalhadores”, defendeu, em comunicado, a plataforma sindical.
As reivindicações em causa prendem-se com o aumento de salários para todos os trabalhadores, o cumprimento integral do clausulado do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), a negociação coletiva como “fator de resolução e prevenção de conflitos”, a atualização do valor do subsídio de refeição e a integração do abono de irregularidade de horário no conceito de retribuição.
Por outro lado, reclamam a atribuição de concessões de viagem na CP- Comboios de Portugal a todos os trabalhadores da IP e suas participadas, a aplicação integral do ACT em vigor na IP aos trabalhadores do quadro de pessoal transitório, a abrangência das deslocações e horas de viagem a todos os trabalhadores e o ajuste do subsídio de refeição nas ajudas de custo.
Os trabalhadores protestam também “contra a falta de produtos de limpeza e higiene e por melhores condições de higiene e segurança nas instalações sociais e nos locais de trabalho”.
A plataforma que representa os trabalhadores da IP e das suas participadas é constituída pela Associação Sindical das Chefias Intermédias de Exploração Ferroviária (ASCEF) e pelos sindicatos Nacional dos Transportes Comunicações e Obras Públicas (FENTCOP), Nacional Democrático da Ferrovia (SINDEFER), Independente dos trabalhadores Ferroviários, das Infraestruturas e Afins (SINFA), Independente Nacional dos Ferroviários (SINFB), Independente dos Operacionais Ferroviários e Afins (SIOFA), Nacional de Quadros Técnicos (SNAQ) e dos Transportes Ferroviários (STF).
Face à ausência de respostas do Governo e da administração após a greve do passado da 02 de junho, em que circularam apenas 25% dos comboios, conforme estipulados pelos serviços mínimos, as estruturas sindicais tinham já anunciado que iriam avançar para mais dois dias de paralisação na última semana de junho e na primeira de julho.
O Tribunal Arbitral não acedeu ao pedido da Infraestruturas de Portugal (IP) para que durante os dois dias de greve fosse assegurada 50% da atividade, reduzindo os serviços mínimos à segurança e manutenção.
Lusa