O primeiro-ministro grego disse que o seu governo vai trabalhar para reclamar à Alemanha a devolução do empréstimo forçado e as reparações de guerra às vítimas da ocupação nazi, de forma a ter resultados ainda nesta legislatura.
Quero garantir que (o governo) vai fazer todo o possível para que, através do diálogo, haja progressos na Europa. A Grécia vai cumprir com as suas obrigações, mas o governo vai trabalhar para que os outros cumpram as suas, o que ainda não fizeram”, afirmou Alexis Tsipras, no parlamento, durante o debate sobre a criação de uma comissão para exigir estas reparações.
O primeiro-ministro assinalou que o seu governo “vai apoiar o esforço do parlamento e oferecer todo o apoio político e legal” para conseguir que “haja resultados” durante esta legislatura.
A proposta de criação desta comissão tinha sido anunciada em 22 de Fevereiro pela presidente do parlamento, Zoé Constandopulu.
Tsipras reiterou que as vítimas gregas da ocupação nazi devem ser homenageadas e disse que “as recordações” desses crimes “estão vivas e devem ser mantidas vivas, não para avivar a falta de confiança entre povos, mas para recordar o que se passou quando se pretenderem impor sentimentos de superioridade nacional, em vez dos de solidariedade”.
Sublinhou ainda que o povo alemão “pagou um preço muito alto” durante a Segunda Guerra Mundial, mas recordou que depois da assinatura do Acordo de Londres, em 1953, “deveria enfrentar as suas obrigações” resultantes da guerra, o que tem procurado evitar com “astúcias legais”, considerou.
O governo grego exige à Alemanha reparações às vítimas e também pela devastação de infraestruturas e ainda pelo crédito que o III Reich obrigou Atenas a conceder-lhe.
O empréstimo obrigatório, que nunca foi devolvido à Grécia, tem um valor atual estimado entre sete mil e 11 mil milhões de euros.
Esta posição não é nova, pois nenhum governo grego desistiu de pedir reclamações, independentemente da sua composição política.
Depois de ter tomado posse como primeiro-ministro, em 27 de Janeiro, Tsipras visitou o campo de tiro de Kesariani, em Atenas, onde os nazis fuzilaram 200 comunistas, na que foi uma das piores matanças do período de ocupação na capital grega.
O primeiro-ministro depositou uma coroa de flores no memorial que recorda as vítimas, no que foi um gesto inédito por parte de um chefe de governo recém-empossado.
Fonte: Lusa