Grávida em risco teve de ir a três hospitais e fazer mais de 250 km para ser atendida

Houve um erro, admitido pela administração do Hospital de Santiago do Cacém, que enviou a grávida para outro hospital que estava com oserviço de obstetrícia encerrado. Foi aberto um processo para apurar responsabilidades.

Uma grávida de 29 anos teve de percorrer mais de 250 quilómetros e ir a três hospitais diferentes para ser atendida. Chegou a ser transferida para um serviço de obstetrícia que estava fechado. Ouvida pela SIC, a administração do Hospital de Santiago do Cacém admite que houve um erro e adianta que abriu um processo de averiguação, para apurar responsabilidades.

Na quarta-feira, a mulher de 29 anos foi ao Hospital de Santiago do Cacém, porque tinha tido uma hemorragia e sofria com dores. Estava grávida de poucas semanas, tendo a gravidez sido considerada de risco, por causa dos sintomas.

Sem serviço de obstetrícia e ginecologia, a única opção era transferi-la para Setúbal.

Segunda paragem: Setúbal
Os bombeiros do Cercal do Alentejo foram acionados por volta das 16h00 e iniciaram a primeira viagem, que durou mais de uma hora, tendo sido feitos 109 quilómetros.

Só quando estavam já quase a chegar a Setúbal, oHospital de Santiago do Cacém informa que o serviço para onde estava a ir, afinal, estava fechado por falta de médicos.

O hospital tinha, afinal, enviado a grávida para aquele que seria o hospital mais próximo, mas sem antes verificar se o serviço de obstetrícia e ginecologia estava aberto.

Quando deram conta do erro, tentaram contactar de imediato os bombeiros, mas já era tarde.

“Tentou contactar-se também o Hospital Garcia de Orta, em Almada, também não sendo possível receber esta grávida”, adianta Vitor Tomaz, comandante dos Bombeiros Voluntários do Cercal do Alentejo.

O erro é admitido pela administração do hospital, que adianta que foi aberto um processo de averiguação, para apurar responsabilidades

Terceira paragem: Beja
A grávida e os bombeiros ficaram em Setúbal, à espera de uma solução. A decisão médica foi de que a paciente teria de ser transferida para a unidade hospitalar de Beja.

Regressando para Sul, fizeram mais uma hora e meia de caminho, percorrendo mais 142 quilómetros.

Chegaram por volta das 21h00 a Beja, onde finalmente recebeu cuidados médicos.

Quarta paragem: de volta a Santiago do Cacém
Após duas horas de espera, a decisão médica foi que não havia necessidade de a grávida ficar ali hospitalizada, sendo enviada de volta para o hospital de origem, em Santiago do Cacém.

Foi mais uma hora de viagem e mais 100 quilómetros até ao Hospital de Santiago do Cacém, onde a mulher acabou por ficar internada, depois de ter sido vista, em Beja, por um médico da especialidade. Teve alta no dia seguinte e está bem.

“A senhora estava um bocado em pânico e psicologicamente afetada por toda a situação”, relata o comandante dos Bombeiros Voluntários do Cercal do Alentejo.

A grávida esperou cinco horas para ser atendida e só o foi depois de ir a três hospitais, em três cidades diferentes, percorridos 250 quilómetros. Para os bombeiros, foi uma jornada de nove horas e quase 400 quilómetros feitos.

Fonte: SIC Notícias