O material é falso, mas representa um perigo bem real. Empresa garante que Proteção Civil nunca disse que o kit ia ser usado em cenário de incêndio.
A Proteção Civil distribuiu às populações de aldeias mais de 70 mil kits contra incêndios compostos por golas “antifumo” e coletes refletores feitos com materiais inflamáveis.
Conta o Jornal de Notícias que a empresa responsável pelo fabrico admite que os produtos não são adequados para um cenário de fogo real – servem apenas para “sensibilizar” as populações.
Os kits custaram 328.656 euros, 125 mil dos quais gastos na compra de golas de proteção para o rosto e pescoço que, além de inflamáveis, não protegem do fumo, podendo constituir um perigo caso sejam utilizadas num incêndio.
São compostas por 100% de poliéster, não têm efeito de filtro contra o fumo, são quentes e “cheiram a cola”, descreve, em declarações ao mesmo jornal dois oficiais de segurança do distrito de Castelo Branco.
O uso de uma peça de roupa molhada para tapar as vias respiratórias.
O fornecedor Foxtrot Aventura garante que a Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) não referiu que os equipamentos “seriam usados em cenários que envolvem fogo”. A principal regra do concurso de aquisição foi a do preço mais baixo.
“Se assim fosse, as golas seriam de outro material e com tratamento para suportar esses cenários [de fogo] (…) Juro que achei que isto seria usado em ações de merchandising’, garantiu Ricardo Peixoto, representante da empresa sediada em Fafe.
Os materiais em causa estão a ser distribuídas desde o verão de 2018 em em zonas de risco elevado de incêndio no âmbito dos programas “Aldeia Segura” e “Pessoas Seguras” e não vão ser recolhidos. A ANPC afirma que servem ser vistos como um “estímulo à implementação local dos programas” para sensibilizar as populações.
“Estes materiais não assumem características de equipamento de proteção individual, nem se destinam a proporcionar proteção acrescida em caso de resposta a incêndios”, refere a Proteção Civil.
TSF / Carolina Rico