O Benfica voltou a vencer sem entusiasmar, desta feita com um triunfo pela margem mínima (1-0) no terreno do CDC Montalegre, equipa do Campeonato de Portugal. Os encarnados continuam a apresentar um futebol sem nota artística, pautado por pouca intensidade e falta de clareza de ideias no momento ofensivo, mas ainda assim seguiram em frente para os quartos de final da Taça de Portugal. A verdade é que são agora seis as vitórias consecutivas das águias desde que a saída de Rui Vitória foi equacionada e o mesmo número de partidas sem sofrer qualquer golo. No entanto, pede-se mais a este Benfica, que tem capacidade para jogar de forma diferente, principalmente diante de um adversário de escalões inferiores.
Rui Vitória foi a jogo com várias alterações no onze. Em relação ao último encontro, mantiveram-se apenas Jardel e Zivkovic nas escolhas iniciais. Ainda assim, a qualidade dos jogadores utilizados pelas águias era claramente superior ao da equipa do Montalegre, razão pela qual custa perceber como é que os encarnados não conseguiram sequer dificultar a construção de jogo dos transmontanos, que até conseguiram sair com bola controlada e não através do passe longo. Aliás, nos minutos iniciais verificaram-se índices elevados de atenção e garra por parte do Montalegre, aos quais o Benfica respondeu com um domínio assente na posse, maioritariamente construída pelo corredor esquerdo e com o processo ofensivo a passar sempre por Krovinovic.
Ora, o croata mostra cada vez mais que é uma solução imediata para o meio-campo do Benfica, setor que tem vindo a ressentir-se muito com os minutos em campo, principalmente Pizzi. Ao invés, Gabriel faz precisamente o contrário e nesta noite voltou a estar muitos furos abaixo dos restantes colegas de equipa. O brasileiro oferece pouco ou nada aos encarnados em termos ofensivos e não faz sentido que esteja em campo com um médio ainda mais recuado do que ele, neste caso sendo Alfa Semedo. Já que se fala em aproveitar oportunidades, Corchia foi outro dos jogadores que deu a entender estar preparado para somar mais minutos e é normal que isso venha a acontecer, devido à sobrecarga já acumulada por André Almeida. Sem grandes preocupações defensivas, o lateral francês esteve ativo no ataque, através de um par de combinações bem sucedidas com Zivkovic (um dos melhores da série de vitórias seguidas do Benfica).
Apesar da pouca intensidade, do futebol por vezes confuso e da falta de ideias no meio-campo do Montalegre, a verdade é que o Benfica chegou ao intervalo a vencer por 1-0. O principal culpado foi Conti. O central argentino respondeu com um cabeceamento certeiro a um pontapé de canto cobrado por Zivkovic, aos 31 minutos, e colocou os encarnados em vantagem no marcador. Pois bem, era através de lances de bola parada e de cruzamentos que a turma de Rui Vitória mais se aproximava da baliza de Tiago Guedes, estratégia que tem sido recorrente ao longo dos últimos jogos e escassos resultados tem dado. O Montalegre, por seu turno, deixou passar os minutos sem se esconder do jogo e tentou jogar e trocar o esférico, com as limitações já conhecidas, mas a mostrar que há equipas no Campeonato de Portugal com ideias bem definidas.
Embora tenha sido o Benfica a sair do encontro com um triunfo, foi um jogador do Montalegre a merecer a distinção de homem do jogo. Mais precisamente, o guarda-redes, autêntica muralha a defender a baliza dos transmontanos. Tiago Guedes esteve em destaque durante os 90 minutos, com várias intervenções de nível e foi muito por culpa dele que a partida terminou com um resultado curto. O guardião negou golos a João Félix, Conti e Seferovic e deu-se a conhecer ao futebol português.
A segunda parte pouco acrescentou. A toada do encontro manteve-se na mesma que tinha sido durante o primeiro tempo e o Benfica continuou a não querer passar dos serviços mínimos. Foi, assim, uma águia a meio gás aquela que esteve esta noite em Montalegre e não se pode desculpar do pouco futebol apresentado com as inúmeras alterações no onze. Resta saber que Benfica vai estar na Luz diante do SC Braga, já no próximo domingo. A certeza que fica é a da boa imagem dada pelo Montalegre e ainda uma palavra de apreço pela festa da Taça, que foi possível realizar em casa da equipa do Campeonato de Portugal.
Fernando Gamito / Bancada.pt