A piloto Gabriela Correia, de apenas 16 anos, tem o sonho de chegar à Fórmula 1 e como ídolo o malogrado Ayrton Senna, mas, para já, só quer ser primeira na sua categoria no Campeonato de Portugal de Montanha.
A jovem bracarense estreou-se em maio passado em ‘casa’, na Rampa da Falperra, no dia do 16.º aniversário (limite mínimo para competir) e entra com mais ambição no campeonato de 2019, que começa a 06 e 07 de abril com a Rampa da Penha, em Guimarães.
“Tenho como grande ambição ficar em primeiro lugar na minha categoria [Turismos 3] e alcançar um bom lugar nas [classificações] gerais, mas não prometo nada, porque já foi muito complicado ficar em segundo lugar na época passada, vou lutar por isso”, revelou à Lusa, em pleno kartódromo de Braga, onde tudo começou, há cerca de cinco anos, nos karts, por influência do pai e também piloto, José Correia, agora companheiros de equipa na JC Groups.
Gabriela chega devagar no seu microcarro, que não requer carta de condução, e, em poucos segundos, veste o fato de piloto e o capacete para uma pequena demonstração no circuito Vasco Sameiro, em Braga, no seu Seat Leon TCR MK3 – a timidez desaparece.
“Sou muito calma, consciente, sei os meus limites, sei até onde posso ir, mas tenho sempre a ambição de ir mais longe, esse mais longe eu sei onde é, sou bastante consciente nesse aspeto”, observou.
O desejo era “fazer vida” do desporto automóvel, mas tem consciência das dificuldades. “Penso seguir gestão de empresas e as corridas ficarão mais para os fins de semana”, ainda que “sonhos são sonhos” e o maior é chegar ao patamar mais alto da Federação Internacional do Automóvel (FIA).
“O meu maior sonho como piloto seria atingir a Fórmula 1, é algo que gosto muito, dos circuitos, dos carros em si, gostava muito, mas é um bocado complicado, mas sonhos são sonhos”, confessou.
Da disciplina rainha do desporto automóvel surgiu o único ídolo, o já falecido piloto brasileiro Ayrton Senna: “Não sou do tempo dele, mas vi vários vídeos e gostava muito da maneira como ele conduzia e da personalidade dele”, explicou.
Para José Correia, empresário da construção civil, de 52 anos, “ter uma filha a correr é um orgulho e uma preocupação”.
“No início foi mais difícil, mas depois das primeiras provas comecei a ter mais confiança nela e passei a estar mais à vontade”, afirmou aquele que quer ser campeão nacional de montanha em 2019 ao volante da sua nova barqueta Osella PA 2000 Evo.
O pai sente que a filha evolui a cada prova em que compete e a piloto mostra rapidez também nas respostas: “Medo? Se tivesse medo não estaria neste desporto, nós aqui desafiamos sempre os nossos limites e, por isso, não se pode ter medo, mas com consciência. Por vezes temos que pensar ‘vou travar mais tarde’ porque esse momento pode ser decisivo para ganharmos uma corrida”, explicou.
E como é ser mulher num meio maioritariamente masculino? “Nunca ouvi comentários desagradáveis, sendo que na montanha, talvez porque são mais velhos, vejo-os quase como meus pais ou até avós. Não faço distinções de idades ou sexo, somos todos pilotos”, frisou Gabriela Correia.