Ainda tem no rosto e no olhar – seguramente – o mesmo ar apaixonado pela música de quando nela se iniciou aos 11 anos de idade…
O HOMEM. O ARTISTA…
Francisco Saldanha é da Bairrada. É de uma terra que foi batizada como “Antes”, que fica mesmo ao lado da famosa Mealhada, terra de leitões, vinho, e não só! Mas, há bem mais por aqueles lados: a natureza está mesmo ali encostada, com todo o esplendor de um Bussaco internacionalmente conhecido e que, quem sabe, inspira-o naquilo que mais ama fazer: tocar!
Aos 17 anos, aquele rapaz franzino já estava a entrar no Conservatório em Coimbra: entre 80 candidatos que disputavam 8 vagas em piano clássico, Francisco conseguiu um brilhantíssimo terceiro posto! E isso foi apenas o início de uma carreira que já vai longa e que parece estar a entrar em outros voos por agora. Voos que falaremos mais à frente…
Autodidata, Francisco Saldanha define a entrada no Conservatório, em 1997, como o verdadeiro “momento impulsionador” do percurso musical que trilhou até ao momento. Esteve como teclista no conjunto TOP SOM durante 2 anos, recebeu convites para dar aulas em Cantanhede, participou no Festival da Canção por Coimbra, foi convidado para fazer parte do Coro AEMinho, dentre tantos outros momentos marcantes. “Eu tracei um objetivo” – afirma e explica – “saltei a fase de estar nos cafés. Preferi estudar a música constantemente, aperfeiçoar-me, estar em constante procura de algo diferente por fazer nesta área”. Só assim se explica ter percorrido terrenos musicais como o jazz, a música clássica ou os grupos de baile com uma desenvoltura tal que quem o conhece considera-o um “músico versátil e capaz”.
Tendo tocado com personalidades como o cantanhedense João Gentil, Nuno Norte e outros, Francisco preferiu “expandir-se e não ficar colado a um projeto” com todos os custos que uma decisão deste tipo acarreta. “Um dia recusei um convite da SIC” – revela – “sou do tipo de pessoa que não quer se desligar do seu passado. Não quis largar tudo, na altura. Comecei do mais elementar (ranchos e bailes, por exemplo) e aceitar desafios desta envergadura, obrigam-nos a pôr para trás muito do que fizemos”.
Francisco Saldanha é um afortunado: consegue ganhar a vida através da sua arte “dando aulas, também, é claro!”. Teve uma escola de música em Cantanhede durante 11 anos e, hoje, dá aulas no Luso, em Ancas (Anadia), no Conservatório de Oliveira do Bairro e no Colégio de Famalicão (também no Concelho de Anadia). Define-se como alguém que “vive muito do improviso nas atuações” e, contra todas as suas perspectivas… assumiu a necessidade de avançar um pouco mais no seu percurso, aceitando – finalmente – a ideia de que era chegada a hora de gravar um CD!
O NOVO PROJETO
“Espiral Phi” é o nome do primeiro trabalho individual de Francisco Saldanha. “Jamais imaginei, um dia, gravar um CD”. Mas, como homem ligado à introspecção que é, sempre foi uma pessoa atenta a tudo o que prova que “na vida, nada é feito por acaso… muitas vezes, sem sabermos o porquê, as coisas vão acontecendo. Este CD procura refletir mesmo esta vivência: o crer em que a natureza, o universo, o ser humano, as artes… tudo, tudo são, no fundo, um todo!”. E, continua: “O ser humano já não liga às pequenas coisas. Está na hora de acalmarmos, refletirmos e voltarmos às origens…”
Se em todos os Verões, este artista “faz coisas diferentes” como construção de vídeos, trabalhos para serem colocados no youtube, e outros, desta vez Francisco quis “seguir a intuição” que veio desde Julho de 2017, quando foi desafiado por alguém ligado à área da saúde, a construir sons que pudessem ser utilizados para a musicoterapia. Daí a colocar em prática a ideia de avançar com o CD, foi apenas um (pequeno) passo!
Com sons construídos à base de instrumentos artesanais e com a ajuda do sobrinho de apenas um ano de idade (cá está a procura da pureza das pequenas coisas deste mundo…), Francisco Saldanha pôs mãos à obra e partiu para o Luso, a Mata do Bussaco e até à Praia de Mira –“o mar está muito presente neste CD” – para dar a quem ouvir os lindos sons que captou, um sentimento de paz interior e relaxamento que ajude a enfrentar o dia-a-dia com energia extra!
Fernando Mariano (baixo) e Nawal Mahfoud (uma marroquina que – pasme-se – canta maravilhosamente, mas nunca havia cantado!) também fazem parte deste projeto que é uma edição própria de Francisco. “Não criei muitas expectativas” – diz – “mais uma vez as coisas aconteceram naturalmente e fui totalmente absorvido pelo projeto enquanto ele decorria”. Mostrando o seu trabalho no FOLK FESTIVAL, de Ancas, em Anadia e na Marinha Grande, o Cine Teatro Messias, na Mealhada, será o palco da apresentação oficial deste álbum no mês de Março.
Com onze temas (o último deles recebeu o título de “Início”) e gravado em apenas um mês (Agosto de 2017), este CD conseguiu “ser a melhor terapia” que o autor pôde ter em muito tempo. “Foi o meu melhor remédio numa fase um pouco desalentada da vida”. Mais uma vez, Francisco Saldanha percebeu que na vida, “nada é ao acaso” e torce, por isso, que o resultado final deste trabalho seja “positivo para quem o ouvir”.
O que este jovem, simpático e talentoso artista (alguém que experimente ouvi-lo a interpretar Freddie Mercury…) quer, com este CD, é que – de alguma forma – a humanidade possa “recuar no tempo e perceber o que era este planeta, antes que o destruamos!”. A intenção é absolutamente pertinente. Mas, cuidado: quando tiver o privilégio de escutar “Espiral Phi” não se deixe enganar apenas pela necessidade de interiorizarmos o quão necessário é mudarmos internamente e em sociedade… para além disso, atreva-se a viajar pelos belíssimos caminhos musicais que Francisco Saldanha percorreu. Vai ver que ganhará muito com isso!
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