Um luxo! Quando a cultura é capaz de nos fazer dar a volta ao mundo, o resultado só pode ser de um enorme sucesso. A noite de Sábado encheu-se de cores, luzes, danças e sonoridades que, no fundo, mostraram que a humanidade é uma só, mesmo que os países sejam muitos…
Se o (já) famoso Pequenas Vozes de Febres fez uma brilhante abertura da Gala promovida pelo Grupo Folclórico Cancioneiro de Cantanhede, com os jovens artistas a mostrarem um pouco do que cada país presente tem para mostrar, o que se assistiu depois, foi um espetáculo de enorme grandeza…
Com o Chile e suas danças repletas de sensualidade e muita alegria nos pés a dar o mote para a qualidade que o espectador podia esperar, seguiram-se o Cancioneiro com a sua tradicional dança a relembrar tempos antigos (e difíceis) das gentes da Gândara, a Indonésia a trazer a primeira parte asiática, com suas raízes e com uma beleza ímpar na qualidade da sua dança e sons, que fizeram viajar o público pelas longínquas terras de um país repleto de ilhas e de uma cultura formidável.
Chegou, então, o momento mais aplaudido da noite: o Burundi transportou a todos, no imaginário, às suas montanhosas pequenas aldeias, onde a dança retrata toda a cultura de um povo que, mesmo (em grande parte) sofrido pelas guerras e pela fome, é capaz de encontrar energias para encantar quem os assiste, em qualquer parte do globo.
Seguiram-se os Esticadinhos de Cantanhede que deram um brilho próprio à roupagem do espetáculo, a Colômbia com o seu exuberante jogo de luzes muito bem acompanhado de um rítimo caliente, Timor Leste, um país irmão de Portugal, com um folclore todo voltado para o misticismo asiático, a Polónia, que foi capaz de exprimir com a sua dança, o que a língua é incapaz de dizer ao comum dos cidadãos. Donos de uma beleza típicamente eslava, mostraram ser donos, também, de uma graciosidade ímpar, nas suas danças, nas canções e na simpatia sempre presente.
Por fim, chegou o México, cujo grupo acabara de regressar de uma apresentação no Concelho de Montemor-o-Velho e que, em Cantanhede apresentou-se de uma maneira que em nada denunciava cansaço! Povo dotado de uma jovialidade por demais conhecida e pela qualidade das suas músicas em conjunto com a deliciosa forma das mulheres rodarem as longas saias que ostentam, também eles deram um espetáculo digno de ser presenciado por milhares de pessoas presentes no recinto. Cores, cores e mais cores… lá iam elas espalhando energia, transbordando alegria, enquanto eles dançavam à volta delas e não deixavam o público tirar os olhos dos palcos onde dançavam, tocavam, cantavam e encantavam!
Finda, tamanha exuberância artística, todos estiveram em conjunto sobre o palco para agradecer aos aplausos que não cessavam e justificar a conhecida canção “Amigos para siempre” que tocava alto e bom som, como que a lembrar ao mundo que a arte é capaz de juntar o que a guerra insiste em dividir: povos diferentes entre si, mas todos irmanados em prol de uma humanidade capaz de fazer coisas tão belas como uma Gala de Folclore impecavelmente concebida…
Jornal MIra Online