Vânia Duarte e Pedro Jorge, atenderam-nos com a simpatia espontânea que lhes é peculiar. Abriram-nos as portas da ”FIGUEIRAVIVA” e mostraram-nos como funciona a fundo uma IPSS (Instituição particular de solidariedade social) localizada numa cidade que «tem vida» pouco mais do que três meses por ano. Cada vez mais a Figueira da Foz se parece com muitas localidades de Portugal: desertificando-se a cada dia e assim revelando as carências das suas gentes e dos seus lugares A instituição “FigueiraViva-Associação de cooperação e solidariedade para o desenvolvimento IPSS” propriamente dita está localizada em Buarcos. Ao todo, são 10 colaboradores que fazem “andar o projeto” nascido em 1998 e que tem três vertentes: A FigueiraViva, uma área de agricultura biológica e o “Cocas”, uma creche localizada em Carritos, na saída da Figueira na antiga estrada nacional 111. I- FigueiraViva Neste pequeno espaço funcionam: escritórios, sala de informática e outras duas salas onde vão sendo ministrados cursos, como por exemplo, cortemos e costura, frequentados pelas formandas da FigueiraViva. O curso teve início em Novembro de 2013 e vai até ao final de Fevereiro. Foi concebido por módulos e tem ao todo 400 horas que, segundo as formandas “é curto e devia continuar”. Por sinal, este é o único senão que nos foi transmitido por elas, já que estão muito satisfeitas com a forma global do funcionamento da instituição. Estas formações são, geralmente, direcionadas para “ a inclusão de pessoas em risco e em dificuldade social e económica”. II- Agricultura biológica. Em 2011 nasceu a ideia e em Junho de 2012, a FigueiraViva em conjunto com outras duas IPSS`s (Casa N.S. do Rosário e Associação Viver em Alegria) conseguiram colocar, em definitivo, o projeto no “terreno”. Pedro Jorge, foi-nos apresentando os cinquenta agregados com parcelas que variam entre os 60 e os 80 m2 cada uma. Ali são produzidos produtos biológicos mas, mais do que isso, formaram-se laços de amizade entre os agricultores e as famílias. É muito comum vê-los na altura do bom tempo a “trabalharem a terra” em conjunto, depois de um dia cansativo de trabalho. Andar no “campo” dentro da própria cidade (o terreno era baldio e foi cedido pela Câmara, localizando-se ao pé da Escola Secundária) ajudou, em muitos casos, a aumentar a autoestima e a viver mais em convívio. A FigueiraViva já levou os agricultores a Guimarães para conhecerem um projeto equivalente, e tem em vista uma outra visita na região de Lisboa, com a mesma intenção, para breve. III- Creche “O Cocas” A creche situada em Carritos está implantada no prédio da antiga escola primária, que foi totalmente remodelado no prazo de 9 meses. O que parece incrível é o facto da burocracia ter “emperrado” o projeto durante 4 longos anos! Não fosse a obstinação e a vontade de ver o objetivo atingido, certamente não existiria a creche que foi (finalmente) aberta em 2011. O “Cocas” tem capacidade para trinta e três crianças com idades compreendidas entre os 4 meses e os 3 anos de idade. Lá trabalham, uma educadora e três auxiliares com treze crianças até ao momento. Ao atingir a capacidade máxima, segundo Vânia Duarte, serão precisas mais uma educadora e uma auxiliar. O ambiente é muito acolhedor e perfeitamente adaptado às necessidades das crianças. Quando questionados, Vânia e Pedro, enumeraram aqueles que consideram ser os maiores obstáculos a uma entidade como aquela e as maiores carências da região: uma enorme lacuna no apoio aos transportes; falta de política organizada às IPSS`s; os cortes na área social, que obrigam a um “malabarismo financeiro”; e finalmente a falta de resposta na área da saúde (Só há o Hospital distrital da Figueira da Foz para atender a demanda). Apesar de todas as dificuldades, a FigueiraViva mostra à sociedade civil, aos parceiros e aos governantes que é possível, com boa vontade e uma boa dose de imaginação, cumprir com os objetivos a que se propõe. São entidades como esta que ajudam a impulsionar o país para a frente. Mesmo nos momentos em que a descrença cresce, quem lá trabalha ou gere, encontra um novo fôlego para batalhar por dias melhores. São exemplos destes que mostram um país com futuro, em que possamos crer que há saídas para uma crise interminável. Muitos, infelizmente, estão sendo “empurrados” para fora do país. Mas muitos, felizmente, cá estão para ajudar os mais carenciados a “suportar o fardo” e para trazer um sorriso aos rostos da geração que ainda agora nasceu… Dados sobre FigueiraViva: Morada: Rua flores da beira mar,20 r/c 3080-247 Fig da Foz. Telefone: 233413056 Telemóvel: 939017043 E-Mail: [email protected] Web: www.figueiraviva.pt