No centro da polémica por causa das comemorações do 25 de Abril na Assembleia da República, Ferro Rodrigues responde aos críticos e garante que as regras de saúde pública vão ser todas cumpridas.
Em entrevista à TSF, Ferro Rodrigues garantiu a Anselmo Crespo que tudo está pronto para que, a nível de saúde, aconteça a celebração do 25 de Abril: “Não houve nenhuma negociação entre a Assembleia da República e o Ministério da Saúde. Houve uma troca de informações e a senhora diretora-geral da Saúde [Graça Freitas] teve ocasião ontem [terça-feira] de manhã de se exprimir de forma muito clara e muito veemente: a Assembleia da República não representa nenhum perigo para a saúde pública e muito menos a cerimónia de homenagem ao 25 de Abril de 1974. Aquilo que seria estranho era a Assembleia da República não fazer a cerimónia do 25 de Abril, visto que é uma das três questões na agenda anual do Parlamento mais importantes – as outras duas são o debate do Estado da Nação e o debate do Orçamento [do Estado]. Porque é que a Assembleia da República tem de estar pronta para votar a lei do estado de emergência e agora fechar no dia 25 de Abril?”, pergunta.
Quando questionado sobre “havia um meio caminho entre as duas situações? Uma solução mais criativa?” para o evento que tem dividido, também ele, a sociedade portuguesa, Ferro Rodrigues disse que “Meio caminho foi exatamente este que se escolheu. Eu acho que nós, aqui na Assembleia, temos sido muito criativos. Temos tido sessões solenes de manhã e depois muita criatividade à tarde com música e com festa. Infelizmente, essa parte não vamos poder ter, a mesma criatividade de outros anos, porque as normas de saúde pública o impedem. Como também não não vai haver manifestação popular no 25 de Abril à tarde. Eu estou convencido que vamos ter menos de cem pessoas, mesmo contando com os jornalistas, que esperemos que se reprimam no número de pessoas que vêm, depois de terem sido tão críticos em relação a esta solução. Agora não fazer uma cerimónia do 25 de Abril é que seria completamente absurdo, sobretudo num momento em que há um estado de emergência e em que é preciso demonstrar que, apesar do estado de emergência, essa situação não é um novo normal. A situação de limitação das liberdades civis, limitação dos direitos de circulação não é uma situação normal, não é uma situação que se deve apenas a esta pandemia que tem que ser combatida. E, por isso, estaremos cá. Os deputados que os grupos parlamentares definirem – que serão poucos -, os convidados que puderem aceitar – e que também foram muito poucos – para comemorar o 25 de Abril de 74 que já foi há 46 anos, mas que está cada vez mais presente na nossa cabeça e nos nossos corações”.
Afirmando que “Houve muita gente mascarada de “abrilista” durante estes anos todos e agora deitou as garras de fora”, o entrevistado foi muito crítico, sem especificar se se referia ao Presidente do CDS que afirmou que não estará presente na AR: “Não estou a falar de ninguém em especial, nem em particular. Estou a falar do facto de as cerimónias do 25 de Abril terem sido aprovadas aqui no Parlamento por 95 por cento dos deputados. E, portanto, o facto de haver um abaixo-assinado ou petições na internet com centenas de milhares de assinaturas, a mim, não me diz nada. Até porque aqui as petições que entram formalmente no Parlamento são vistas caso a caso para ver se as assinaturas são verdadeiras. Não há aqui uma competição entre a democracia representativa e a democracia da internet. A democracia representativa que faz parte da Constituição”.
Quanto à forma que foi decidida para as comemorações do dia 1 de Maio, o Presidente da Assembleia da República respondeu: “Digamos que é um justo equilíbrio entre as preocupações comemorativas e as preocupações de saúde pública. Penso que todos estamos conscientes de que esta é uma guerra – não é apenas uma batalha – que se está a travar com esta pandemia e que temos que ganhar. E que ainda não ganhámos. Vamos ver que tipo de abertura se pode fazer em maio e, portanto, temos que estar todos juntos. Eu não contribuirei mais para nenhuma espécie de polémica sobre este assunto. Acho que o Presidente da República, o primeiro-ministro e eu temos estado sempre unidos nesta batalha. E assim queremos continuar”.
Jornal Mira Online com Anselmo Crespo / TSF