A Federação Portuguesa de Columbofilia (FPC) vem repudiar publicamente as declarações da líder parlamentar do PAN, Inês Sousa Real, nas quais mistura, com profundo desconhecimento, o infeliz acidente que envolveu um camião de transportes de pombos para uma prova de Columbofilia, ocorrido no domingo, com o tiro aos pombos.
O PAN, ao referir-se ao tiro ao pombo, está a fazer um claro aproveitamento político de um acidente com um veículo afeto à Columbofilia, que pode acontecer a qualquer um, em quaisquer circunstâncias. O PAN revela ignorância sobre a forma como são tratados, transportados, cuidados e acondicionados os pombos-correio – considerados atletas de alta
competição e que participam em provas olímpicas.
Caso a líder parlamentar do PAN tivesse comparecido no local do acidente, como fizeram de imediato dezenas de columbófilos de todo o país, que prontamente resgataram os animais e garantiram que se encontravam a salvo, teria percebido as condições em que estes são transportados, bem como a ligação “familiar” entre os pombos-correio e os criadores.
O veículo acidentado, e que é de forma descontextualizada referido na intervenção da representante do PAN, obedece a apertadas regras. Prova disso, é o facto de, dos 10 mil pombos-correio transportados, termos a lamentar a morte de 98, uma percentagem que nem chega a 1%.
Os veículos de transporte rodoviário de pombos-correio para efeitos desportivos são concebidos especial e unicamente para este efeito. Estão sujeitos a um conjunto de aprovações das respetivas entidades oficiais com competência nesta área, bem como ao cumprimento das regras constantes no Regulamento Desportivo Nacional. Ao mesmo tempo obedecem a requisitos para a segurança e bem-estar dos animais, como, entre outos: estarem equipados com sistemas de ventilação e controlo de temperatura de acordo com a legislação; possuírem uma estrutura apropriada para a inclusão de caixas adequadas ao transporte de pombos-correio; contarem com sistemas de fornecimento de água, bebedouros e comedouros que permitam o abeberamento e alimentação dos pombos-correio em trânsito; serem
desinfestados e desinfetados antes de qualquer utilização nos termos previstos na lei.
Este ataque intelectualmente desonesto vem denegrir a Columbofilia, os columbófilos e a FPC, constituída como associação de direito privado sem fins lucrativos, fundada em 5 de Novembro de 1945, que tem como fundamental escopo a proteção do pombo-correio e a regulamentação da modalidade, tendo-lhe sido atribuído o estatuto de utilidade pública, através do Despacho da Presidência do Conselho de Ministros de 15 de Junho de 1978, publicado no Diário da República, II Série, Número 139, de 20 de Junho de 1978. Em 1994, foilhe atribuído o estatuto de utilidade pública desportiva pelo despacho nº 40/94 do PrimeiroMinistro, publicado no Diário da República nº 209, II Série, de 9 de Setembro de 1994. Já em 1948 foi, através do Decreto-Lei n.º 36767, de 26 de Fevereiro de 1948, reconhecido ao
pombo-correio e à atividade columbófila o estatuto de utilidade pública, atribuindo-se à FPC um conjunto de competências com vista à proteção do pombo-correio e à promoção e regulamentação da modalidade.
Perante estas declarações da líder parlamentar do PAN, a FPC insurge-se na defesa de toda a sua estrutura que diariamente pugna pelo bem-estar dos pombos-correio, animais que respeita e admira.