Federação e primeiro-ministro britânico condenam insultos racistas contra jogadores

A Associação Inglesa de Futebol mostrou-se “chocada” e “enojada” pelos comentários racistas nas redes sociais que visaram três jogadores da seleção, uma condenação seguida já hoje pelo primeiro-ministro britânico.

“Os jogadores da equipa inglesa merecem serem tratados como heróis, não [vítimas de] insultos racistas nas redes sociais”, escreveu Boris Johnson no Twitter, referindo-se aos comentários racistas dirigidos a Marcus Rashford, Jadon Sancho e Bukayo Saka, os três jogadores que falharam grandes penalidades na derrota de domingo com a Itália na final do Euro, em Wembley.

“Os responsáveis por este terrível abuso deveriam envergonhar-se”, acrescentou o primeiro-ministro.

A Federação Inglesa de Futebol já afirmara estar “chocada” e “repugnada” pelos comentários racistas.

“Estamos enojados pelo facto de membros da nossa equipa, que deram tudo de si este verão, terem sido sujeitos a ataques discriminatórios ‘online’ depois do jogo desta noite”, publicou a federação também no Twitter.

“Nós apoiamos os nossos jogadores”, insistiu.

Os três jogadores falharam a cobrança das grandes penalidades, selando a derrota da Inglaterra com a Itália, acabando com o sonho de um país inteiro que esperava ganhar um segundo grande título, 55 anos após a sua vitória em casa no Campeonato do Mundo de 1966.

A federação afirmou ainda que “condena todas as formas de discriminação e está chocada com a propagação do racismo nas redes sociais contra alguns jogadores de Inglaterra”.

Dizemos, nos termos mais claros possíveis, que qualquer pessoa por detrás de um comportamento tão repugnante não é bem-vinda entre os apoiantes desta equipa”, concluiu.

A polícia de Londres disse estar “a investigar” as publicações “insultuosas e racistas”.

O futebol inglês tem sido flagelado há vários meses pelo racismo ‘online’ que visa os jogadores após a derrota ou desempenhos dececionantes nos respetivos clubes.

Em maio, a federação apelou ao Governo britânico para que legislasse imediatamente para forçar as redes sociais a tomarem medidas contra insultos ‘online’, que no passado visaram Marcus Rashford.

Para chamar a atenção para este racismo ‘online’, a federação, os clubes da Premier League, da Segunda Divisão e da Superliga Feminina, bem como as organizações representativas de jogadores, árbitros e treinadores, a que mais tarde se juntaram outros desportos como o ‘rugby’ e o críquete, tinham decidido não alimentar as suas contas nas redes sociais de 30 de abril até 03 de Maio.

A final da Euro também foi marcada por incidentes com adeptos sem bilhetes que conseguiram entrar no estádio, quebrando barreiras de segurança e sobrecarregando o pessoal do estádio.

Uma cena de violência com adeptos a desferirem murros e pontapés a um homem asiático nos corredores do estádio foi filmada e afixada nas redes sociais.

Lusa