A secretária-geral da AHRESP considerou que não se está a conseguir um equilíbrio “necessário e desejável” entre as medidas sanitárias e as económicas e que os apoios à restauração e hotelaria aparecem de forma “tardia” e “muito complexa”.
Nós não estamos a conseguir fazer um equilíbrio que é necessário e desejável entre as medidas sanitárias e as medidas económicas, tão simples quanto isto”, considerou a secretária-geral da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP), em entrevista à Lusa.
Ana Jacinto considerou que os apoios às empresas da restauração e do alojamento turístico “aparecem de forma tardia” e “de forma muito complexa”, tendo em conta um tecido empresarial composto, em grande parte, por microempresas.
“As empresas têm tido muita dificuldade em perceber a que tipo de apoios podem recorrer, como é que podem recorrer, se são elegíveis ou se não são elegíveis”, salientou a responsável da associação, destacando “dois grandes problemas”, que são a “insuficiência dos apoios” aliada à “complexidade” dos processos.
Ana Jacinto apontou que as medidas de apoio, além de demorarem “muito tempo a ser estruturadas e disponibilizadas”, quando ficam prontas “são tantos os entraves” que acabam por deixar de parte “a maior parte dos empresários”.
Relativamente ao tempo que as empresas demoram a receber os apoios, a AHRESP disse que, no caso do ‘lay-off’ simplificado e dos apoios do Turismo de Portugal, os pagamentos têm estado a ser feitos com “alguma celeridade”, porém, o mesmo não acontece com outros programas.
“Tenho situações de empresas, por exemplo, que recorreram ao incentivo extraordinário na modalidade dos dois salários e ainda não receberam a segunda prestação. E estamos a falar de um apoio do ano passado”, explicou a secretária-geral da AHRESP.
“Entretanto têm os salários que têm de ser pagos aos colaboradores, têm esse custo que tem de ser pago, tudo tem de ser pago, mas, no momento certo, os apoios não vêm com a celeridade que deviam vir”, sublinhou, enfatizando que há muitos empresários que estão “com a corda na garganta, sempre a ver quando é que conseguem aguentar mais um dia”.
Neste sentido, a AHRESP já propôs ao Governo a criação de um mecanismo único de acesso aos apoios, por forma a facilitar o processo, mas, até à data, não obteve resposta.
“Os empresários não têm capacidade de andar a recorrer a cada um destes mecanismos em sítios diferentes, com condições diferentes, com condições de elegibilidade diferentes e, muitas vezes, sem saberem se é melhor um ou se é melhor outro”, afirmou Ana Jacinto.
A AHRESP alertou, ainda, para a necessidade de intensificar e reforçar as linhas de apoio, lembrando que o Apoiar.pt e o Apoiar a Restauração já esgotaram a sua dotação e, portanto, já não estão acessíveis a mais empresários.
“Estes apoios foram anunciados em dezembro, numa conjuntura em que as empresas estavam a laborar, com quebras de receitas, mas estavam a laborar. Entretanto, nós entrámos num período de confinamento que não se sabia, na data do dia 10 de dezembro, portanto, obviamente que agora os apoios têm de ser reforçados”, defendeu.