Os presidentes dos cinco municípios do litoral alentejano alertaram esta quarta-feira o ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, para a falta de médicos, enfermeiros, técnicos e assistentes na Unidade Local de Saúde que serve a zona.
“Colocámos as nossas preocupações relativamente à falta de pessoal no Hospital do Litoral Alentejano, pois faltam pelo menos 22 enfermeiros, faltam médicos, assistentes operacionais e técnicos e algumas especialidades técnicas”, disse à agência Lusa o presidente da Comunidade Intermunicipal do Alentejo Litoral (CIMAL), Vítor Proença, no final de uma reunião com o governante.
O autarca apontou ainda como preocupante a “falta de viaturas para que os enfermeiros procedam ao apoio e tratamentos domiciliários” e “défices gritantes” de médicos de família nos cuidados primários nos concelhos de Alcácer do Sal, no distrito de Setúbal, e de Odemira, no distrito de Beja.
“Da parte do ministro foi-nos dito que há um problema geral do país, um problema de carência na fixação de profissionais”, acrescentou Vítor Proença (CDU), que preside também à Câmara Municipal de Alcácer do Sal.
O autarca disse que houve “um compromisso” assumido pelo ministro da Saúde de “preparar um plano para o verão”, com “medidas excecionais”, estando prevista, para isso, uma reunião com os presidentes das câmaras municipais de Alcácer do Sal, Grândola, Santiago do Cacém, Sines e Odemira, em fevereiro.
“Assumiu connosco um compromisso de preparar um plano para o verão, deslocando-se aos cinco municípios e com uma reunião de trabalho com a CIMAL, comigo e com os meus colegas, e, até lá, tentar encontrar-se algumas soluções para atenuar as situações que atualmente se estão a viver”, explicou Vítor Proença.
Além disso, acrescentou o autarca, o ministro da Saúde terá também manifestado “a intenção de o Governo legislar relativamente à recriação da figura dos médicos à periferia a partir ainda de 2018” e se comprometido a “encontrar pelo menos dez viaturas para a Unidade Local de Saúde e para os centros e extensões de saúde” do litoral alentejano.
No encontro, que decorreu hoje em Lisboa, participaram também a secretária de Estado da Saúde, Rosa Zorrinho, e os presidentes dos municípios de Grândola, Santiago do Cacém, Sines e Odemira.
O autarca de Alcácer do Sal reuniu também hoje com o ministro da Agricultura, Luís Capoulas Santos, acompanhado por agricultores e produtores de arroz, para procurar encontrar “soluções de curto e médio prazo” para a falta de água que está a pôr em risco a próxima campanha de arroz.
“Foi uma reunião onde foi debatida a grave situação de seca que o Vale do Sado atravessa, com uma situação considerada única no país em termos de recursos de falta de água para o arroz (…) etentou encontrar-se soluções de curto e de médio prazo para diminuir o impacto das alterações climáticas e da falta de água”, disse à agência Lusa, após o encontro.
Segundo o autarca, a tutela ficou de “iniciar um processo de estudo prévio de aproveitamento de água do rio Sado”, com o intuito de vir a ser criada “uma central de dessalinização, que permita aproveitar a água do rio para rega”.
O autarca defendeu ainda a “necessidade urgente de avançar com obras que permitam conduzir e aduzir água do Alqueva para a barragem do Vale do Gaio e para a barragem do Pego do Altar”.
Os agricultores da zona pretendem também ter financiamento e acesso a crédito bonificado, algo que, segundo Vítor Proença, não estão a conseguir junto da banca de Alcácer do Sal.
“Neste momento não há condições para produzir arroz este ano, não há água nenhuma”, lamentou o autarca, recordando que os 200 produtores de Alcácer do Sal asseguram cerca de 30% da produção nacional de arroz.
Vítor Proença estima que, caso a campanha não se concretize, isso representará “12 mil milhões de euros de prejuízo para a economia nacional”.
“Isto [12 mil milhões de euros] representa a economia que a montante e a jusante o arroz faz girar, representa mais de 200 explorações agrícolas, representa mão-de-obra, representa comerciantes, representa oficinas, representa fatores de produção diversos e representa importações de outras paragens, que são custos acrescidos”, especificou.