Beatriz da Conceição, fadista que foi uma “referência para os mais jovens” faleceu no Hospital São José, ontem, quinta-feira. A cantora tinha 76 anos e interpretou êxitos como “Ovelha negra” ou o famoso “Meu corpo”.
No seu vasto currículo consta o “Prémio Amália Rodrigues de carreira”.
Nascida no Porto a 21 de Agosto de 1939, começou a cantar na década de 1960, depois de uma visita à casa de fados Solar de Márcia Condessa, em Lisboa.
O musicólogo e historiador do fado Rui Vieira Nery não hesita em dizer que ela foi “uma das três ou quatro figuras mais importantes da história do fado do último meio século”, destacando-lhe o “talento”, a “originalidade”, o “carácter único da sua arte” e “o grande cuidado na escolha dos poetas que queria cantar, com uma enorme exigência na escolha do repertório”, lembrando que “teve um papel importante como modelo para muitos fadistas das novas gerações”, pois “foi uma figura que esteve em actividade até ao fim”.
O fadista Hélder Moutinho, que lhe dedicou um fado de homenagem (O fado da Bia), escrito por Fernando Tordo, não tem dúvidas: “Se no fado, enquanto intérprete, houve Alfredo Marceneiro, também houve uma mulher chamada Beatriz da Conceição.” Visivelmente emocionado, no Canadá, o fadista falou ao PÚBLICO por telefone acerca da sua “fadista preferida”, como ele a designa. “É muito difícil dizer o que quer que seja neste momento, porque a Beatriz era como se fosse da minha família. É sem qualquer dúvida a minha fadista preferida de sempre. Trabalhámos juntos. Fomos os melhores amigos. Enfim, tanta coisa para dizer. Mas não é fácil. Conheci-a em 1993, foi ela que, no fim de contas, me pôs a cantar. E não sou eu apenas que o digo. Era uma intérprete notável. Fica um enorme vazio.”
Jornal Mira Online / Público