“- Está?… Sim?… O seu filho hoje não veio ao treino?…
– Pois, sim… Hoje não vai… Está de castigo! Tirou má nota a uma disciplina…”
Quantos de nós, ligados ao fenómeno do desporto e sobretudo à formação de jovens atletas, já ouvimos isto?… “Mens sana in corpore sano”, é uma expressão do século XXI, muito na ordem do dia e utilizada já no tempo dos romanos, a qual releva que somente um corpo saudável pode produzir ou sustentar, uma mente sã.
Os pais deverão saber a melhor forma de actuar perante as fragilidades/falhas dos seus filhos,já que são eles que melhor os conhecem… No entanto, muitas vezes os incentivos em vez dos castigos, são a melhor solução para ultrapassar fragilidades e dificuldades. No que concerne ao desporto, a não comparência do atleta especialmente nos treinos e por vezes também nos jogos de uma forma rotineira ou até contínua, poderá ser um factor que não ajuda a formar, a crescer mentalmente e por consequência, a melhorar o seu desempenho escolar.
Então, será que retirar a actividade desportiva ou castigar um jovem impedindo-o de ir aos treinos é positivo? Punir enquanto acto, sem critério educativo, nestas circunstâncias, esvazia-se por si só… Como se justifica a quebra de um compromisso assumido pelo atleta para com um grupo, justificando a falha com outro compromisso tido com os Encarregados de Educação? Será que existem hierarquias de compromissos ou acima de tudo existem compromissos que invariavelmente devem ser honrados?
Quando um jovem, um atleta ingressa numa equipa, sabe a partir daí quais são os seus compromissos a nível de presenças nos treinos e nos jogos. O desempenho escolar e/ou o mau comportamento, não devem servir para não cumprir esse compromisso, porque haverá várias partes lesadas, especialmente o próprio atleta/jovem. É nesse momento e logo desde o início da sua formação cívica e desportiva, que se deve mostrar a importância da ética cívica e desportiva, que deve existir ao saber assumir e cumprir, todos os compromissos nos diferentes papeis que o jovem desempenha em cada grupo.
Pais que queiram ser mais assertivos na tomada de boas decisões quando se trata de educar discordando com algum comportamento ou com o caminho que está a ser percorrido pelo seu filho, pode ter no treinador/formador, um aliado “neutro” mas muito importante, nessa relação de poder pai-filho. Senão vejamos: é mais fácil um treinador falar com um jovem, estabelecer com ele metas realistas e dizer-lhe, por exemplo, que “não vais aos jogos casa/fora” e daí retirar-se a motivação que procuramos, do que ser um encarregado de educação a dizer exactamente as mesmas coisas, por vezes até com as mesmas palavras. E acreditem, a “ferida aberta” sara muito mais depressa.
Tenham um bom dia!
(Pedro Miguel Gordo)