Falar de cancro sem tabus: uma noite de coragem, emoção e esperança!

06.06.2025 –

Na noite de 30 de maio, a Associação Cultural e Recreativa 1º de Maio, na Tocha (Cantanhede), encheu-se de emoção, coragem e partilha verdadeira. O evento “Vamos falar de cancro sem tabus” foi mais do que um encontro informativo — foi uma celebração da vida e da força humana diante de uma das doenças mais desafiantes do nosso tempo.

A abertura, com a graciosidade das bailarinas do Estúdio de Dança Nadine Loureiro, lembrou-nos que a arte também fala, também cura, também inspira. A dança foi, ali, a cultura em movimento, uma espécie de abraço silencioso aos que vivem — ou já viveram — o cancro na própria pele.

A apresentação esteve a cargo de Sérgio Batata, que, com enorme generosidade, partilhou uma história íntima: a da sua mãe, Maria, que há 14 anos enfrentou o cancro e que, naquele mesmo dia, celebrava os seus 75 anos de idade. “Foi um momento difícil para toda a família, mas a minha mãe é uma verdadeira guerreira”, disse, visivelmente emocionado. E ninguém na sala duvidou disso.

Seguiu-se Karina Amarante, enfermeira, mulher, mãe e… sobrevivente. Aos 40 anos, grávida, descobriu que tinha cancro da mama. Comovida, contou como o amor da família e a força interior foram determinantes no seu percurso. “É passo a passo… mas o caminho faz-se”, disse. Cada palavra sua era um testemunho vivo de que o diagnóstico não é o fim — pode ser o recomeço.

Inês Dinis, formadora da Uriage, trouxe a perspetiva do cuidado. “Cuidar da pele é cuidar da saúde”, explicou, alertando para os perigos silenciosos do sol e a necessidade de proteção, sobretudo quando o corpo já se encontra fragilizado. A saúde começa, tantas vezes, na prevenção mais simples…

E então, subiu ao palco Marine Antunes — e a sala nunca mais foi a mesma. Marine, sobrevivente oncológica, autora do projeto “Cancro com Humor”, partilhou a sua história como só ela sabe: com leveza, sinceridade e uma alegria contagiante. “O humor não é para disfarçar”, garantiu. “É para viver. Para aguentar. Para transformar.”

Durante duas horas, falou-se de cancro sem medo, sem filtros, sem tabu. Falaram-se verdades duras, mas também partilharam-se sorrisos. Houve lágrimas — muitas. Mas sobretudo houve esperança. Saímos todos mais humanos, mais empáticos, mais conscientes.

O evento encerrou com uma bonita homenagem à D. Maria, mãe de Sérgio Batata — uma guerreira entre tantas outras. Recebeu flores, foi agraciada com um belo bolo de aniversário e surpresas… porque celebrar a vida é sempre o melhor desfecho.

Na Tocha, naquele espaço gentilmente cedido pela Asociação, naquela noite, ninguém ficou indiferente. E todos aprenderam que, mesmo quando tudo parece desabar, a luz pode entrar pelas frestas. Só temos de ter a coragem de abrir a janela…

Jornal Mira Online

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