Maria Eugénia Canuda da Cruz nasceu, em 1937, em Arazede. Tirou o curso de Enfermagem, na Escola Dr. Ângelo da Fonseca, em Coimbra, e a Especialidade de Saúde Materna e Obstétrica, no Instituto Maternal do Porto. Fez um curso de Saúde Pública, em Lisboa, e o Mestrado em Administração de Serviço de Enfermagem, na Escola Superior de Enfermagem de Coimbra.
Maria Eugénia Canuda da Cruz fala-nos, assim, sobre o seu trabalho em azulejaria e porcelana: “Aposentada e com os filhos já independentes, decidi iniciar a minha aprendizagem na arte da pintura em porcelana, tendo para o efeito recorrido à professora Eva Pascoal, o que me permitiu realizar alguns lindos trabalhos.
Dado o meu grande gosto pelo azulejo especialmente “séc. XVII”, e recorrendo a várias técnicas com resultados também diferentes, fui produzindo trabalhos, alguns dos quais aqui presentes, já que habitualmente são produzidos painéis decorativos que se fixam, não permitindo a sua remoção.
O azulejo foi introduzido em Portugal no século XV, mas esta arte é oriunda do norte de África, trazida por artistas islâmicos e introduzida nos centros de produção ibéricos, tendo mais tarde sido criadas olarias especializadas na produção de azulejos em Lisboa.
Atualmente, apesar da sua industrialização, há ainda o gosto de recorrer à pintura artesanal utilizando as várias técnicas presentes “no azulejo artístico” essencialmente pintado à mão, com recurso a tintas solúveis em água nas cores: azul cobalto, verde-cobre, castanho, amarelo e vermelho, este último muito difícil de aplicar.
Dado que a superfície dos azulejos é porosa e delicada, absorve imediatamente e com carácter definitivo qualquer pincelada, não permitindo possíveis correções.
Ainda é necessário o sentido de antevisão da cor porque os tons pretendidos só se revelam após a cozedura. Neste caso em apreço do “azulejo vidrado cru”, vai a cozer a 1020 graus… riscos constantes e desafiadores que trazem alguns desaires!…”