04.10.2023 –

Está patente ao público na Biblioteca Municipal de Cantanhede, durante todo o mês de outubro, a exposição Augustinha Galvão: a Fotografia como ofício. Com a organização a cargo da Associação fotografARTE, a mostra integra a 2ª edição do FHOTOfest Cantanhede que decorre nos dias 13, 14 e 15 de outubro.

Neste equipamento cultural estão presentes dezenas de fotografias, desenhos e pinturas da autoria de Maria Augusta Galvão, bem como outros objetos que lhe pertenceram, numa demonstração clara da enorme qualidade e diversidade artística e cultural da autora.

Os trabalhos expostos na mostra representam mais de 30 anos de memórias que retratam pessoas da terra, em diversas ocasiões marcantes das suas vidas, designadamente batizados, comunhões ou casamentos.  A exposição Augustinha Galvão: a Fotografia como ofício exibe também trabalhos da artista em outra área, como o desenho ou poesia, testemunhos de uma mulher com forte capacidade artística e multifacetada, que desempenhava uma profissão pouco convencional, para uma senhora do seu tempo.

Augustinha Galvão: A fotografia como ofício

Augustinha Galvão [1917-2017] contactou desde muito cedo com fotografia. Filha de uma família de comerciantes que para além da Pensão Galvão, tinha também um estúdio de fotografia, Foto Galvão, pelo qual o seu irmão mais velho era responsável. Pouco se sabe do seu interesse pela atividade antes de, em meados dos anos 50, adquirir a Casa de Retratos de José Ramos, ele próprio fotógrafo, casa essa que viria a ser conhecida pela marca Foto Estrela. Razões circunstanciais que se prendem com a sua viuvez precoce e a consequente necessidade de criar os filhos fazem com que encontre na fotografia um modo de sobrevivência pouco convencional para uma mulher do seu tempo.

Do espólio que a família gentilmente colocou à disposição, resgatou-se muito pouco do que terá sido uma vida de mais de três décadas dedicadas a retratar e a fixar as memórias das pessoas da terra, em ocasiões significativas das suas vidas como sejam batizados, comunhões, ou casamentos, tornando-se difícil falar apropriadamente do seu trabalho enquanto fotógrafa. Esta mostra é uma justa e devida homenagem a uma mulher pioneira numa profissão marcadamente masculina para a época, trazendo a público alguns vestígios do seu trabalho na fotografia, na pintura, no desenho ou na poesia, ressaltando uma personalidade artística plurifacetada que ficou gravada na memória de todas e todos que com ela conviveram.

Sobre Maria Augusta Galvão

Maria Augusta Galvão nasceu no dia 21 de maio de 1917, em Coimbra, onde viveu até aos 12 anos, altura em que veio para Cantanhede com os seus pais e irmãos. Desde muito cedo revelou aptidão para as Artes, nomeadamente, desenho, pintura, música, fotografia, artes cénicas e poesia.

A partir de 1954, Maria Augusta Galvão foi fotógrafa profissional, profissão que exerceu até meados da década de 1970.

Ao longo da sua vida, Maria Augusta Galvão dedicou-se, igualmente, ao desenho a carvão e à pintura a óleo, tornando-se neste campo uma excelente artista autodidata.

Efetuou várias exposições coletivas e individuais, no Luso, terra natal de sua mãe, em Coimbra e em Cantanhede.

Na área da escrita, Maria Augusta Galvão obteve duas menções honrosas no concurso “Jogos florais”, em Cantanhede, sob o tema “Gândara, terra ridente”. Ganhou, ainda, o 1º prémio, em 1989, através de um acróstico sobre Cantanhede e igual prémio com o trabalho “Louvor à Natureza”, em 1990, no Centro de Saúde local. Obteve, ainda, o galardão com a temática: “Quem é o Idoso?”

Com veia poética, compôs versos para vários convívios, bem como para festas de “Os Esticadinhos”, o grupo onomástico “As Marias”, fazendo da arte cénica uma qualidade da sua veia artística.

Em 2011, aos 94 anos, Maria Augusta Galvão editou “Uma Vida”, o seu primeiro livro, onde estão compilados vários poemas escritos ao longo da sua existência, sobre diversas temáticas. Nesse mesmo ano, em junho, participou no programa “A tarde é sua”, no canal televisivo TVI.