Exemplar de espécie rara de águia ibérica avistado no Douro Internacional

Um grupo de investigadores anunciou um avistamento de uma águia-imperial-ibérica no concelho de Miranda do Douro, distrito de Bragança, o que poderá significar o regresso que desta “ave rara” ao território do Douro Internacional.

Em declarações à agência Lusa, o biólogo José Pereira, que se dedica ao estudo das aves rupícolas na área do Parque Natural do Douro, disse que em Portugal só existem 17 casais de águia-imperial-ibérica nidificantes e este avistamento pode ser um presságio de que o efetivo poderá estar a aumentar, já que ave que foi vista é “um juvenil”.

“Esta espécie está restrita como nidificante em Portugal e em Espanha, e é uma das aves de rapina mais ameaçadas da Europa, estando igualmente entre as mais raras do mundo”, especificou o biólogo.

O especialista avança que a espécie avistada poderá estar em período de “dispersão” e terá vindo de territórios a sul do rio Tejo.

“A águia-imperial-ibérica só existe na Península Ibérica sendo uma espécie que está em perigo de extinção, o que significa que está muito ameaçada, e os 17 casais nidificantes estão todos na zona Sul do país, sendo muito raro avistá-las na região Norte”, explicou José Pereira, presidente da Associação Palombar.

Segundo especialistas em avifauna, nos finais da década de 70 e inícios dos anos 80, a população reprodutora da águia-imperial-ibérica desapareceu em Portugal e a nidificação só voltou a ser confirmada em 2003 na região do Tejo Internacional.

O avistamento foi captado no dia 04, através de uma câmara de fotoarmadilhagem existente no campo de alimentação de aves necrófagas gerido pela Associação Palombar, instalado no concelho de Miranda do Douro, no distrito de Bragança, e que está inserido no projeto Life Rupis, que se dedica ao estudo e conservação do britango (também chamado abutre-do-egipto).

“Ficamos muito satisfeitos e motivados com o trabalho que a Palombar está a desenvolver, nomeadamente ao nível do reforço da rede de campos de alimentação para aves necrófagas, que tem vindo a crescer e que permite um aumento da disponibilidade alimentar para estas espécies, e promove a conetividade entre as áreas protegidas”, frisou o biólogo.

O projeto Life Rupis, lançado há cerca de três anos por nove entidades ibéricas ligadas à conservação da natureza no Douro Internacional, apresenta resultados “positivos”, nomeadamente no reforço da população de aves como a águia-perdigueira e o britango.

O Life Rupis está a decorrer em território português e espanhol, mais concretamente na Zona de Proteção Especial (ZPE) do Douro Internacional e Vale do Rio Águeda, e na área protegida de Arribes del Duero.

O projeto teve início em julho de 2015 e tem uma duração de quatro anos, estando dotado comum financiamento de 3,5 milhões de euros, comparticipado a 75% pelo programa LIFE da União Europeia e cabendo os restantes 25% aos nove parceiros envolvidos.

Os nove parceiros envolvidos neste projeto são a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), Associação Transumância e Natureza, Palombar, Instituto de Conservação da Natureza e Florestas, Junta de Castilla y León, Fundación Patrimonio Natural de Castilla y León, Vulture Conservation Foundation, EDP Distribuição e GNR.

Lusa