Um ex-agente da PSP foi assassinado a tiro, quinta-feira à noite, na Damaia, Amadora, ao tentar travar assaltantes de um supermercado que apontavam armas de fogo à mulher, funcionária da caixa do estabelecimento.
Eduardo Paixão, de 65 anos, foi atingido na cabeça por um disparo de caçadeira de canos serrados, cerca das 19 horas, na Buraca, na altura em que tentava sacar a arma pessoal para enfrentar os dois assaltantes.
“Ele nem teve tempo para tirar a pistola do coldre”, disse ao JN Fernando Ribeirinho, uma testemunha ocular que, na altura, estava na fila para pagar as compras que acabara de fazer.
O agente reformado da PSP ficou gravemente ferido e foi ainda transportado ao Hospital de Santa Maria, mas acabou por falecer. A mulher, Alzira Paixão, de 60 anos, ficou em estado de choque e também foi transportada ao hospital. Mas já regressou a casa e não inspira cuidados, além do debilitado estado psicológico pela morte do marido.
A morte e as circunstâncias que envolveram o crime chocaram toda a gente que vivia na zona. “Eu conhecia-os, já não sei há quantos anos”, contou ao JN a proprietária do estabelecimento, Alaíde Salvador, de 76 anos. “A Alzira é minha empregada há 20 ou 30 anos. E eu também conhecia bem o Eduardo. Eram mais do que meus amigos, eram da minha família”, diz a idosa, entre lágrimas.
Alzira trabalhava como caixa no supermercado e o marido ia todos os dias buscá-la. Quinta-feira, a cena repetiu-se, só que um pouco mais cedo, uma vez que o fecho do estabelecimento tinha sido antecipado uma hora, por ser noite de Ano Novo.
Eduardo entrou e ficou à espera. A mulher estava na caixa. Havia mais duas funcionárias, Edite e Helena, uma na charcutaria e outra no snack-bar. Fernando Ribeirinho estava na caixa “e havia mais quatro ou cinco clientes”.
De repente, da rua, surgiram dois homens, ambos com aspeto jovem e com capuzes na cabeça. “Ambos estavam armados, um com uma pistola e outro com a caçadeira”, contou ao JN uma testemunha ocular, sob anonimato.
“Eles não fizeram qualquer ameaça verbal”, conta Fernando. O que tinha a caçadeira fez de imediato um disparo, como intimidação, desfazendo um expositor e um separador em acrílico. “Foi o pânico, com toda a gente aos gritos. Houve quem fugisse para trás do balcão”, recorda Fernando. “O que tinha a pistola apontou à Dona Alzira e começou a mexer na caixa registadora”, conta ainda.
Foi nessa altura que o agente reformado agiu, tirando a arma e o coldre que tinha num bolso. Mas o coldre tinha um fecho, que aumenta a segurança e reduz a possibilidade de haver acidentes. Enquanto Eduardo Paixão tentava abrir o fecho do coldre, o assaltante que tinha a caçadeira deu conta e fez um disparo.
O impacto dos projéteis da caçadeira de canos serrados apanhou o lado esquerdo da cabeça do antigo agente da PSP, que caiu de imediato para o chão, inanimado. No chão ficou também a pistola, ainda no coldre.
Os assaltantes, no entanto, não se sentiram intimidados por aquilo que acabara de acontecer e enquanto clientes e funcionários, em particular a mulher do agente abatido, gritavam de pavor e dor, o duo criminoso começou a tirar o dinheiro da caixa, não deixando, sequer, as moedas.
Fugiram na direção do Bairro da Cova da Moura, que dista não mais de 300 metros do local. Um cliente chamou o 112, mas o socorro médico já pouco pôde fazer, a não ser transportar Eduardo Paixão para o Hospital de Santa Maria, onde viria a falecer.
Fonte e Foto: JN