Eurocampas enviou carta com “reclamação” à Câmara Municipal de Mira

João Lopes, proprietário da empresa EUROCAMPAS, situada na Zona Industrial de Mira, enviou uma carta ao autarca Raul Almeida, para “denunciar a vergonha que se passa neste município”, segundo suas próprias palavras.

Leia, abaixo, a íntegra da carta enviada no dia de ontem.

 

“Câmara Municipal de Mira

Praça da República nº 2

3070-304 Mira

Direcionado ao Exmo. Sr. Presidente da Câmara de Mira

É bom denunciar a vergonha que se passa neste município, através da Câmara Municipal de Mira. Trata-se de, quem estiver interessado em fazer uma sepultura no cemitério, está desde já obrigado a solicitar um projeto a um engenheiro inscrito na Câmara.

Eu, João Lopes, proprietário da empresa Eurocampas, que se dedica somente aos trabalhos funerários, com 4 exposições espalhadas pelo país, o que nos permite ter mercado para aplicar campas de norte a sul do nosso país e, com vasta experiência na arte funerária nunca, em parte nenhuma, nos foi solicitado qualquer projeto para montagem de uma campa. Posso até afirmar que essa lei não existe no resto da Europa! Recentemente, para agravar todo o processo, surge mais uma “nova lei” que não autoriza que uma campa tenha sequer duas cores, sendo obrigatório que toda a campa apresente uma única cor.

Informo o Sr. Presidente da Câmara de Mira que tem um cemitério, o único em Portugal e na Europa, que para fazer uma simples campa é preciso um projeto feito por um engenheiro colectado, com o custo acima de 90€, e ainda uma licença (que envolve também vários dias de espera) com o custo de 60€. Além destes valores, é necessário esperar que o Sr. Fiscal esteja disponível para prosseguir com a montagem. Quando se faz as contas, representam 150 euros, só no que respeita ao projeto e licença, o que infelizmente em Portugal equivale a uma semana de trabalho.

Pergunto ao Sr. Presidente, se não tem vergonha de ser o único a utilizar o trabalho do comum cidadão para pagar esta burocracia, que não passa de pagar papelada para poder fazer uma campa, vergonha esta numa última homenagem aos entes queridos, sem contar ainda custos relacionados com o terreno e a própria campa e respetiva decoração.

Em jeito de conclusão, considera-se lamentável esta situação, não conseguindo compreender que, em pleno século XXI, ainda possamos encontrar casos deste género, pois nem mesmo no tempo da ditadura, isto acontecia.

Aproveito ainda para mais um pequeno conselho, deveria ter mais vaidade com a Zona Industrial, pois é das únicas em Portugal que apresenta condições de circulação lastimáveis, com muitos buracos e completamente deteriorada.

Sem mais assunto, atenciosamente.

 

18 de junho de 2018

João Viana Lopes

_________________________”