Vida e obras de Vasco Graça Moura
Vasco Navarro da Graça Moura, nasceu em 3 de Janeiro de 1942 na Foz do Douro, escritor, tradutor, político, de nacionalidade Portuguesa e vindo a falecer a 27 de Abril de 2014 com a idade de 72 anos em Lisboa, licenciado em Direito, pela Universidade de Lisboa, foi advogado entre 1966 e 1983. Após o 25 de Abril de 1974, aderiu ao Partido Social Democrata, sendo chamado a exercer os cargos de Secretário de Estado da Segurança Social (IV Governo Provisório) e dos Retornados (VI Governo Provisório).
Na década de 80 enveredou definitivamente pela carreira literária, que o havia de confirmar como um nome central da literatura portuguesa da segunda metade século XX.
Foi director da RTP2 (1978), administrador da Imprensa Nacional – Casa da Moeda (1979-1989), presidente da Comissão Executiva das Comemorações do Centenário de Fernando Pessoa (1988) e da Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses (1988-1995), director da revista Oceanos (1988-1995), director da Fundação Casa de Mateus, comissário-geral de Portugal para a Exposição Universal de Sevilha (1988-1992) e director do Serviço de Bibliotecas e Apoio à Leitura da Fundação Calouste Gulbenkian (1996-1999). Foi deputado ao Parlamento Europeu, integrando o Grupo do Partido Popular Europeu, de 1999 a 2009.
Em janeiro de 2012, Vasco Graça Moura foi nomeado para a presidência da Fundação Centro Cultural de Belém pela Secretaria de Estado da Cultura, substituindo António Mega Ferreira
Pela sua obra literária, foi distinguido com os Prémios de Poesia do P.E.N. Clube Português, da Associação Portuguesa de Escritores e a Coroa de Ouro do Festival de Poesia de Struga. Recebeu igualmente a Ordem de Santiago da Espada, o Prémio Pessoa, o Prémio Virgílio Ferreira e o Prémio de Tradução 2007 do Ministério da Cultura de Itália, que distingue anualmente o melhor tradutor estrangeiro de obras italianas, por decisão unânime do júri.
Colaborou na revista Quadrante (revista da Associação Académica da Faculdade de Direito de Lisboa) iniciada em 1958.
Graça Moura, foi uma das vozes mais críticas do Acordo Ortográfico, que considerava que apenas “serve interesses geopolíticos e empresariais brasileiros, em detrimento de interesses inalienáveis dos demais falantes de português no mundo
Vasco Graça Moura morreu no dia 27 de Abril de 2014, em Lisboa, aos 72 anos, vítima de cancro.
No mesmo dia, Pedro Passos Coelho, primeiro-ministro de Portugal, destacou o percurso político de Graça Moura e a sua atividade como “divulgador das letras portuguesas”, afirmando que o escritor deixou um “vasto legado literário, marcado pela inspiração e pela dedicação à língua portuguesa, que enriqueceu como poucos, uma constante procura da identidade nacional e um clarividente pensamento sobre as raízes, a herança política e filosófica e o futuro da Europa”, concluindo: “Portugal perdeu hoje um dos seus maiores cidadãos
Obras Literárias:
Poesia
]Modo Mudando (1963);
O Mês de Dezembro e Outros Poemas (1976);
A Sombra das Figuras (1985);
Sonetos Familiares (1994);
Uma Carta no Inverno (1997);
Testamento de VGM (2001);
Antologia dos Sessenta Anos (2002);
Os nossos tristes assuntos (2006)
Ensaio Luís de Camões: Alguns Desafios (1980);
Camões e a Divina Proporção (1985);
Sobre Camões, Gândavo e Outras Personagens (2000).
Romance
Últimas Canções (1987);
Partida de Sofonisba às seis e doze da manhã (1993);
A Morte de Ninguém (1998);
Meu Amor, Era de Noite (2001);
Enigma de Zulmira (2002).
Diário e CrónicaCircunstâncias Vividas (1995);
Contra Bernardo Soares e Outras Observações (1999).
Traduções (
resumo) Fedra, de Racine
Andromaca, de Racine
Berenice, de Racine
O Cid, de Corneille
A Divina Comédia, de Dante
Cyrano de Bergerac, de Edmond Rostand
O misantropo, de Molière
Sonetos, de Shakespeare
Prémios
PrémiosStruga Poetry Evenings
Prémio Pessoa
Prémio Europa David Mourão-Ferreira
De certo muito mais teríamos para falar de Vasco Graça Moura, mas agora deixamo-los com um dos seus poemas.
Quando eu morrer murmura esta canção
que escrevo para ti. quando eu morrer
fica junto de mim, não queiras ver
as aves pardas do anoitecer
a revoar na minha solidão.
Quando eu morrer segura a minha mão,
põe os olhos nos meus se puder ser,
se inda neles a luz esmorecer,
e diz do nosso amor como se não
Tivesse de acabar, sempre a doer,
sempre a doer de tanta perfeição
que ao deixar de bater-me o coração
fique por nós o teu inda a bater,
quando eu morrer segura a minha mão.
Vasco Graça Moura, in “Antologia dos Sessenta Anos”