A escrivaninha de Fernando Pessoa faz agora parte do espólio do Museu do Pão, bem como uma rara primeira edição da sua obra, “Mensagem”, ambas acessíveis ao público através da sua integração no circuito expositivo permanente daquele Museu.
As duas peças, assim como um par de óculos que se encontram emprestados à Brasileira do Chiado, foram adquiridas pelo Museu num leilão de bens pertencentes à família do escritor. A apresentação das peças emblemáticas aconteceu hoje, no Museu do Pão, em Seia.
O mais recente projeto de incorporação no espólio do Museu do Pão de uma peça que até aqui pertencia à coleção privada da família de Fernando Pessoa, a escrivaninha onde o poeta se inspirava para escrever as suas obras, contribui para levar a arte a todos, numa iniciativa que não apenas promove a descentralização, levando a cultura ao interior de Portugal, mas também pela relação das obras com os projetos e a narrativa do Museu do Pão, para que cada incorporação seja uma mais-valia e um contributo útil aos visitantes.
No âmbito de uma iniciativa de partilha com a sociedade do seu património artístico e cultural, acreditando que a arte é de todos e tem que chegar a todos, o Museu do Pão apresenta a escrivaninha pessoal de Fernando Pessoa, na qual viveu outras vidas através dos seus heterónimos, e um exemplar da primeira edição da “Mensagem”, num espaço onde estão também expostos objetos artísticos com inspiração no pão, nas suas alfaias, tradições e labores, e que destacam a arte do pão em todo o seu esplendor, numa tradição multissecular.
Através dos seus heterónimos, Fernando Pessoa conduziu uma profunda reflexão sobre a relação entre verdade, existência e identidade, valores igualmente partilhados pelo Museu do Pão na sua relação com a comunidade. Em muitos dos seus poemas, Fernando Pessoa faz referências ao Pão, e esses poemas são justamente destacados na exposição temporária dedicada à poesia.
Para Graça Reis, Diretora do Museu, a escrivaninha de Fernando Pessoa e a primeira edição da “Mensagem” são “peças raríssimas de valor cultural incalculável que valorizam a oferta do Museu do Pão, num compromisso assumido com as pessoas que nos visitam, a quem oferecemos o acesso à arte, divulgando e partilhando parte relevante do património cultural e artístico do mais universal dos poetas portugueses, até aqui perpetuado na estátua da autoria do mestre Lagoa Henriques no café A Brasileira do Chiado, em Lisboa, e agora também no Museu do Pão, em Seia”.
António Quaresma, presidente do grupo O Valor do Tempo, considerou, na apresentação das peças, que “é um grande orgulho para o Museu do Pão termos, a partir de agora, objetos pessoais de um dos maiores poetas portugueses na Serra da Estrela“. “Fernando Pessoa chega agora a todos os portugueses a partir do ponto mais alto de Portugal Continental“, acrescentou.
Presente na apresentação, Pedro Machado, presidente do Turismo Centro de Portugal, destacou que esta aquisição do Museu do Pão “é uma homenagem a Portugal“. “É com enorme gratidão que faço o reconhecimento público do muito que este grupo está a fazer pela região. Expor os objetos pessoais de Fernando Pessoa é dizer ao mundo que o Centro de Portugal é um território seguro e acolhedor para quem nos queira visitar e que há vida no Centro para além da pandemia“, sublinhou.
Inicialmente enquadradas na exposição temporária do Museu dedicada à poesia em torno do Pão – Poemas para saborear com prazer, que reúne poemas dedicados ou com referências ao pão de autores nacionais e internacionais – visitável até final de 2020, a escrivaninha de Fernando Pessoa e uma rara primeira edição da obra literária “Mensagem” fazem parte do espólio de exibição permanente do Museu, oferecendo aos portugueses a história da sua poesia e enaltecendo a sua origem e relevância culturais.