Entrevista poética com Abílio Tavares

Esta é mais uma entrevista resultante da parceria JORNAL MIRA ONLINE / POESIA DA BEIRA RIA – AVEIRO:

 

  • Perfil do Poeta:
  1. Nome: Abílio Mortágua Tavares
  2. Profissão: Professor na situação de Aposentado
  3. Residente (localidade) BRANCA – Albergaria-a-Velha

 

2 – JM. – Como se define em termos de ser humano?

Sou uma pessoa simples, filho de gente simples. Sou o quarto de seis irmãos e fiquei órfão de pai com apenas 6 anos de idade. Cresci no seio de uma família bastante pobre que elegia e humildade e a honestidade como valores essenciais da sociedade.

3 – JM. – Os autores que mais o marcaram, foram autores poéticos ou outros? Mencione dois ou três.

Os autores que me marcaram foram autores portugueses mais clássicos como, Camilo Castelo Branco ou Eça de Queiroz, que ainda agora gosto de ler. Mas foram os poéticos, como João de Deus em Campo de Flores, porque foi o primeiro livro de poesia que li e Fernando Pessoa, mas principalmente José Régio, o meu grande exemplo e autor preferido cuja poesia sempre me entusiasmou tanto na forma como no conteúdo.

4 – JM. – De alguma forma estes autores que referiu, o levaram à escrita da poesia? Refira qual o Autor.

João de Deus pelo seu “Campo de Flores”, como referi, que me estimulou a experimentar escrever poesia, mas foi especialmente José Régio pelas razões que também já expus e que ainda hoje continuo a declamar.

5 – JM. – A aceitação do que escreve poeticamente é analisada por si em que “meios”? ( Facebook, antologias, livros publicados, saraus poéticos e/ou outros)

Um pouco em todos os meios referidos, especialmente em saraus poéticos, e, ultimamente, no Facebook e num livro que acabei de publicar em Junho estando o mesmo ainda, em tempo de apresentação e distribuição.

6 – JM. – Defina a razão das apreensões e dificuldades que os autores têm na edição dos seus próprios livros.

Ora bem. Esta é uma pergunta ingrata, porque foge um pouco ao meu conhecimento sobre essa matéria. Vou procurar responder à minha medida, isto é, à medida de alguém que gosta de poesia mas, se calhar, padece de incapacidade para fazer uma boa interpretação crítica da mesma o que obviamente acaba numa resposta pobre. Mas…vamos lá. Penso que o motivo das apreensões e dificuldades existe porque a poesia não é um género muito aceite pelos leitores; ou porque lhes falta alguma formação nessa matéria ou porque gostar de poesia presume sentir toda a sua intensidade o que é mais fácil para leitores sensíveis.

7 – JM. – O que encontra de verdade no que escreve para considerar que é um Autor a ser consagrado?

Eu não tenho a veleidade de achar que aquilo que escrevo justifique considerar-me um Autor a ser consagrado. O que acho é que o que escrevo é a expressão momentânea de um determinado sentimento. Ou melhor: A minha poesia exprime um pouco de “mim” em momentos mais votados ao sentimento ocasional e ao meu olhar criativo sobre tudo e nada.

8 – JM. – Mencione e transcreva o poema da sua autoria com que mais se identifica com o seu sentido de Autor de poesia.

Quem sou eu?

Sou quem não sabe ser.

Sonhador de uma música calada,

Por ser minha,

Que canto sem sentido, com prazer!

Sou mártir na sombra…sem luar,

Peregrino da noite que vi morrer

Em fogo ardente doutro sol, só à tardinha!

 

E canto hoje a dor…essa estrela…

A minha Vida!

A vida que é bela!…

Sofrimento magoado bem escondido,

Que o sol do meu peito,

Com coragem, atropela

E se acolhe noutra força,

Noutro colo não esquecido.

 

O barco é o eu recanto natural,

Rumo ao infinito sem mim…

Que também espera

Abrigo dum tempo vivido mas irreal,

Noutro tempo sem espaço nem quimera.

Quem sou eu afinal?

Sou a voz que não soou,

Sussurro dum gesto que se perdeu,

Que a manhã sem aurora perverteu!…

 

Sou ator de uma ópera que há muito se calou!

 

E morro por sonhar!…

E morro por morrer.

E canto por cantar,

E mato por sofrer

E ando, por andar,

E vivo por viver!…

SOU EU!!!

 

Sou aquele que não sabe ser!

9 – JM. – Mencione duas ou três razões por que há medo de ler poesia e o facto de os saraus poéticos terem pouca gente. Incentivaria uma escola para declamadores?

Ler poesia é um ato artístico e interessa passar para quem a ouve a mensagem que o autor pretendeu transmitir. E isso nem sempre é fácil. É preciso dar às palavras e aos versos a força e o valor que o poeta escolheu partindo do princípio que a poesia é uma expressão de sentimentos.

Sim. Eu além de escrever, gosto muito de declamar poesia e, se calhar ao escrevê-la, não fujo a essa marca pessoal!

10 – JM. – Que falta de apoios existe para a divulgação da poesia?

À poesia faltam os apoios de que carece qualquer expressão artística e de uma forma mais séria o género literário, num tempo em que prevalece a força dos meios audiovisuais que são muito mais cómodos para o consumidor.

11 – JM. Verifica-se que hoje em dia existem uma grande quantidade de editoras. Na sua opinião acha que neste caso o poeta tem mais opção de escolha para a sua divulgação ser um sucesso, ou muitas delas faz dos escritores lucros e números?

Não, não. As editoras visam quase sempre o lucro. Não têm a mínima intenção de apoiar o autor, a começar pelo tipo de contratos que praticam. Se quem escreve está bem posicionado na praça, então sim, incentivam e oferecem chorudas condições para a edição, independentemente da qualidade do produto, o que me parece algo injusto.

12 – JM. Se já editou algum livro refira-nos quais e onde os podemos adquirir?

Sim. Acabei de editar, como já referi, “REFÚGIO”, em junho. Ora cá está uma das tais nuances dos contratos que a editora faz. Como a editora que me levou a cabo a minha edição tem a sua própria distribuidora, eu não sei ainda as librarias onde foi colocada a obra. Só ao cabo de um ano é que me terão de dar conta disso. A editora responsável e a “Sítio do Livro”

13 – JM. Hoje em dia a divulgação online está muito avançada, possui alguma pagina ou site onde podemos ver algum do seu trabalho literário?

Não tenho nenhum Blog nem site para consulta.