Entrevista Palmira Pedro

1 – Perfil do Poeta:

  1. a) Nome: Palmira Pedro
  2. b) Profissão: – Reformada
  3. c) Residente (localidade) Santo Amaro – Penela

2 – JM. – Como se define em termos de ser humano?

PP – Sou mesmo humana: uma pessoa muito simples, trabalhadora, respeitadora, honesta, bem-humorada, franca, crente, alegre e amiga dos meus amigos. Gosto de conviver, de ajudar quem precisa. Não gosto de mentiras, invejas, maus modos, faltas de respeito. Quando, e se necessário, sei pôr de parte.

 

3- JM – Quais os autores que mais o marcaram, foram autores poéticos ou outros? Mencione dois ou três.

PP- Desde criança o interesse pela leitura, era primordial, quer fosse prosa ou poesia. Felizmente a minha professora primária, ensinou-me a ler poesia – Acácio de Paiva, Augusto Gil – que me motivaram a conhecer Florbela Espanca, Fernando Pessoa e tantos outros inumeráveis.

4 – JM. – De alguma forma estes autores que referiu, levaram-na à escrita da poesia? Refira qual o Autor.

PP- Eu entendo que a poesia é um sentimento que nasce com a pessoa, envolvida no meio em que se é criado. O que lemos e aprendemos com os autores, pois aprende-se sempre, é apenas um complemento do que sentimos. Os poetas do povo, não tiveram acesso a livros, e são poetas.

5 – JM. – A aceitação do que escreve poeticamente é analisada por si em que “meios”? (Facebook, antologias, livros publicados, saraus poéticos e/ou outros)

PP – Em todos os meios citados e ainda em Igrejas, associações, convívios de amigos, e embora a primeira análise seja minha, os meus leitores é que analisam o que escrevo, e me motivam a continuar.

 

6 – JM. – Defina a razão das apreensões e dificuldades que os autores têm na edição dos seus próprios livros.

PP- É um absurdo! As editoras, aceitam desde que o escritor lhes pague, lhes dê a obra, em troca da “esmola” de um míseros cêntimos a serem recebidos tarde e a más horas. É um absurdo mesmo!

7 – JM. – O que encontra de verdade no que escreve para considerar que é um autor a ser consagrado?

PP – Escrevo o que vai na alma, falando sério, brincando ou fantasiando, a meu modo, e gosto regra geral do que escrevo.

Os meus leitores, por palavras orais ou escritas, dão-me segurança e alento. Não tenho a veleidade de ser autor consagrado. Sou modesta que chegue. Gosto do que escrevo, repito.

A eles, reconhecidamente agradeço.

8 – JM. – Mencione e transcreva o poema da sua autoria com que mais se identifica com o seu sentido de autor de poesia.

PP – Difícil responder. Como dizia Arthur Miller – “todos eram  meus filhos”.  Assim também os meus poemas tem um pouco de mim. Transcrevo o que escrevi  em  20 de Março, passado:

POESIA

Poesia é acordar

E saber agradecer

A Deus, porque nos vai dar

Mais um dia pra viver.

Ouvir o canto das aves

Ver uma flor a nascer

O riso de uma criança

A paz dum entardecer…

 

Sentir uma brisa que passa

E nos refresca a memória

Deste país que tivemos

Com nobreza e sua história

Saber sentir a saudade

Do tempo que já passou

Ter esperança num futuro

Em que o mesmo acreditou.

 

É ter os cinco sentidos

Bem atentos, e vida calma

Num poeta, há poesia…

Ele vê com olhos da alma!

 

9 – JM. – Mencione duas ou três razões por que há medo de ler poesia e o facto de os saraus poéticos terem pouca gente.

Incentivaria uma escola para declamadores?

PP – Claro que incentivava! A razão porque há medo de ler poesia, é porque, perdoem a franqueza, pouca gente sabe ler.

Ler, requer treino em voz alta, a colocação de voz, saber pronunciar, pontuar,  e não olhar apenas o que este escrito.

10 – JM. – Que falta de apoios existe para a divulgação da poesia?

PP- Parece-me que em primeiro lugar, deveria começar pelas escolas. A motivação, o incentivo. Depois a TV (recordo os serões poéticos com João Vilaret – o melhor declamador que conheci) os Jornais, as Revistas, e porque não concursos inter-concelhos/distritos, apoiados pelas entidades, ao menos com transportes para deslocações e prémios, aos melhores poemas, aos melhores declamadores?

11 – JM. Verifica-se que hoje em dia existem uma grande quantidade de editoras. Na sua opinião acha que neste caso o poeta tem mais opção de escolha para a sua divulgação ser um sucesso, ou muitas delas faz dos escritores lucros e números?

PP- A resposta pode e deve ser sublinhada, na última frase da pergunta. Acho que é vergonhoso o que parte delas propõe.

12 – JM. Se já editou algum livro refira-nos quais e onde os podemos adquirir?

PP- Sim. Editei dois livros por conta própria, com pequenos apoios. O primeiro “Querer é Poder” esgotou. Do segundo “Sonhando Acordada” tenho ainda, para venda alguns exemplares.

13 – JM. Hoje em dia a divulgação online está muito avançada, possui alguma página ou site onde podemos ver algum do seu trabalho literário?

PP- A minha preparação informática é bastante limitada, mas sempre que me é possível e de vez em quando, publico no facebook, poemas ou crónicas que não deixam também de ter a sua poesia, embora sem qualquer rima. ———————————

EM BAIXO ESCREVA O QUE ENTENDER SOBRE SI E A ARTE POÉTICA.

Quero apenas acrescentar, que escrevi também uma peça de teatro que intitulei “Saudades”, no ano 2000, baseada na vida das nossas aldeias a partir do início do século XX até aos nossos dias. Tive na altura um bom apoio do Ministério da Cultura, que reverteu na totalidade para o Centro Cultural de Santo Amaro. Ensaiei e encenei. Fizemos 55 espectáculos, com muito sucesso. Fiz adaptações de outras, Autos de Natal, Sátiras etc.

Fui colaboradora (directora adjunta do Jornal Região do Castelo 5 anos escrevendo vários artigos quinzenalmente). Rotas pelas aldeias, pelas escolas, artigos de opinião, entrevistas, etc. Tenho um terceiro livro escrito para crianças, à espera de condições para ser publicado. Estou a ensaiar e encenar teatro na Universidade Sénior de Penela, e tenho para pôr em cena, no próximo ano lectivo , uma peça nova, escrita em rimas, género musical,  sobre as províncias de Portugal. Pertenço ao Grupo Coral da Santa casa, Adoro viajar conhecer outros países e outras culturas, o que só fiz depois de conhecer bem Portugal. Tudo isto que descrevo, só me foi possível depois do ano 2000, ano em que me aposentei.

Palmira Pedro

NOTA IMPORTANTE: (Penso ter sido objectiva) Sou contra o novo acordo ortográfico.