Entrevista com o poeta Pedro Lima

1 – Perfil do Poeta:

  1. Nome: Pedro Carvalho Lima
  2. Profissão: Técnico de biblioteca
  3. Residente (localidade): Vila Nova de Famalicão

2 – JM. – Como se define em termos de ser humano?

– Considero-me uma pessoa calma, um amigo que preza a sinceridade do outro, respeitando as diferenças. Determinado, mas aceito desistir quando entendo ser a melhor opção.Procuro viver com simplicidade, no entanto, tenho em mim um “perfecionismo” que me torna complexo. Sou comum à maioria do ser humano, vivo e deixo viver!

3 – JM. – Os autores que mais o marcaram, foram autores poéticos ou outros? Mencione dois ou três.

– São vários os autores que me marcaram e marcam, principalmente os autores poéticos. Comungo de todos um pouco, cada um, no seu estilo literário, despertam-me interesse e aprendo com todos eles.Entre muitos, posso destacar: Fernando Pessoa (multifacetado), Camilo Castelo Branco (um dos escritores mais marcantes da literatura portuguesa) e João Negreiros (um jovem premiado em poesia e outros…).

4 – JM. – De alguma forma estes autores que referiu, o levaram à escrita da poesia? Refira qual o Autor.

– Não. Julgo ser inato este gosto pela poesia (ou se tem, ou não se tem). Antes de ler e conhecer qualquer autor, já sentia o prazer poético através das palavras que surgiam em pensamento e tentava escreve-las de forma rimada.Penso que herdei a veia poética do meu pai (era um autodidata, tipógrafo de profissão e um homem com enorme gosto pela literatura portuguesa).No entanto, à medida que fui descobrindo novas leituras e autores, adquiri conhecimento que me incentivou, cada vez mais, a escrever poesia e Fernando Pessoa é o maior responsável, pela continuidade e aperfeiçoamento do meu caminho poético.

5 – JM. – A aceitação do que escreve poeticamente é analisada por si em que “meios”? (Facebook, antologias, livros publicados, saraus poéticos e/ou outros)

– Até ao momento, tenho escrito essencialmente para mim, faço-o por necessidade espontânea e sem estar sujeito a qualquer tipo de pressão. Partilho alguns dos meus escritos com amigos através do Facebook, participo em saraus poéticos e, graças ao Grupo Poesia da Beira Ria de Aveiro, tenho o prazer de ver (pela primeira vez) os meus poemas impressos na antologia “Poetas d’hoje”, a quem estou grato. A aceitação do que escrevo tem sido maravilhosa.

6 – JM. – Defina a razão das apreensões e dificuldades que os autores têm na edição dos seus próprios livros.

– Não conheço em concreto a realidade no processo de edição, uma vez que, nunca editei nem contactei editoras. Mas, por aquilo que ouço dos colegas, reconheço que as dificuldades sejam muitas quando se é desconhecido como autor. Os meios são escassos e os apoios quase inexistentes para quem gostaria de ver os seus trabalhos publicados. Contudo, cabe às editoras e ao ministério da cultura, uma maior abertura neste domínio, para que a poesia tenha voz e seja universal.

7 – JM. – O que encontra de verdade no que escreve para considerar que é um Autor a ser consagrado?

– Pelo facto de escrever aquilo que me vai na alma (seja verdade, ou não), já me consagra como autor. Nunca tive, nem tenho pretensão de ser elevado. A poesia sempre foi para mim um estímulo, um refúgio, uma ferramenta onde manifesto o meu sentir… e ao escrever, pretendo construir um jogo de palavras e sentimentos.

8 – JM. – Mencione e transcreva o poema da sua autoria com que mais se identifica com o seu sentido de Autor de poesia.

– Cada poema tem o seu valor inquestionável no momento em que o fiz.

“Ser Poeta”

Ser poeta, é fingir que não tem dó;

É unir céu e terra em firmamento,

É escutar a voz do pensamento,

É um querer de ausência, de estar só.

 

É não saber que tudo pode ser,

É padecer o mal dum mundo inteiro!

É augurar o fim dum cativeiro…

É um morrer e voltar a nascer.

 

É ser na perfeição idealista;

É ser guerreiro alpestre na conquista…

É tudo e muito mais que escreve e diz.

 

É ser ilusionista até no amor!

É indagar além da própria dor…

Mas é poeta, quem assim o quis.

 

9 – JM. – Mencione duas ou três razões por que há medo de ler poesia e o facto de os saraus poéticos terem pouca gente. Incentivaria uma escola para declamadores?

– Penso que a poesia é um género de literatura com características próprias, transmitem “estados de alma…” em mensagens específicas e, ao mesmo tempo, é tão diversificada e abrangente. Por essa razão, existe um certo medo ou receio de ler e declamar poesia.Talvez falte incutir na comunidade escolar e em geral, estímulos que permitam interpretar os textos poéticos de uma forma mais livre e lúdica. Porque, a poesia pode ser entendida e sentida de maneiras diferentes… Deveriam existir mais encontros poéticos, tertúlias, saraus, horas do conto e da poesia, etc… partilhados com música, de forma a cativar mais público.Também seria bom que tivéssemos acesso a aulas de declamador, seja em escolas ou outras instituições culturais. Tenho a certeza que haveria inscrições.

10 – JM. – Que falta de apoios existe para a divulgação da poesia?

– A divulgação da poesia não tem custos elevados. Haja vontade para o fazer… e muitos fazem-no! Os apoios das editoras, redes sociais, jornais, revistas, etc. são muito importantes na divulgação da poesia, mas considero fundamental, um contacto mais próximo com as pessoas. Espero que os municípios e associações criem condições que permitam realizar mais atividades nesta área, divulgando na agenda cultural e sites, como é o caso do município de Famalicão que, particularmente, aposta forte na cultura.

11 – JM. – Verifica-se que hoje em dia existem uma grande quantidade de editoras. Na sua opinião acha que neste caso o poeta tem mais opção de escolha para a sua divulgação ser um sucesso, ou muitas delas faz dos escritores lucros e números?

– Sim, é verdade que existem mais editoras (algumas online, facebook). Há mais oferta, por isso, maior opção de escolha por parte dos autores. Contudo, compreendo que haja um pouco de tudo: editoras que editam com qualidade e divulgam a obra, e outras com menor qualidade que se regem pela quantidade, sem promover o autor. Tudo isso tem custos e ninguém quer perder… funciona o marketing e a lei do mercado. Neste momento, verifica-se uma maior participação dos autores em antologias poéticas, é a forma de darem-se a conhecer aos leitores.

12 – JM. – Se já editou algum livro, refira-nos quais e onde os podemos adquirir?

– Não editei nenhum livro (talvez um dia!)

Participei nas antologias: “Poetas d’hoje”, do Grupo Poesia da Beira Ria, Aveiro (vol. I) e “O Silêncio da Solidão”, de Nós Poetas Editamos. Outros desafios virão!

13 – JM. – Hoje em dia a divulgação online está muito avançada, possui alguma página ou site onde podemos ver algum do seu trabalho literário?

– Não tenho qualquer tipo de divulgação online, a não ser, o Facebook onde partilho alguns textos com os amigos.

 NOTA:

Agradeço ao Jornal Mira Online e ao Grupo de Poesia da Beira Ria, pela oportunidade de me conceder esta entrevista… Bem-haja!

Pedro Carvalho Lima