1- Carlos Teixeira reside em Aveiro e tem como profissão, aposentado, mas vivo.
2 – JM. – Como se define em termos de ser humano?
Não é fácil auto definir-me, isto porque de uma maneira geral olho para fora e não tanto para dentro de mim, mas tenho-me como uma pessoa amiga do seu amigo, afável, justo o quanto se pode ser para com as pessoas que nos rodeiam e apesar alguns momentos de mau humor (quem os não tem) tenho de certeza um bom coração. Acima de tudo adoro viver.
3 – JM. – Os autores que mais o marcaram, foram autores poéticos ou outros? Mencione dois ou três.
Não tenho propriamente nenhum autor que tenha deixado em mim uma forte marca. Existiram e continuam a existir muito bons autores em vários géneros de escrita, tanto clássicos como contemporâneos. Apesar de ter lido alguns clássicos de que muito gostei, tenho a minha leitura mais centrada nos autores dos nossos dias.
No que aos autores poéticos diz respeito não poderia deixar de mencionar Mário de Sá-Carneiro nem Fernando Pessoa (os consagrados), mas também Manuel Alegre. Já na prosa tenho um gosto abrangente que passa por Eça de Queirós, João Alves da Costa, Mário Zambujal, Nuno Camarneiro e talvez o meu preferido, Mia Couto.
4 – JM. – De alguma forma estes autores que referiu, o levaram à escrita da poesia? Refira qual o Autor.
Sinceramente não. Apesar de alguns me terem ajudado a gostar ainda mais daquilo que escrevo e faço, esta minha apetência não tem como origem qualquer um deles mas sim a minha vontade de passar para o papel os meus pensamentos, observações e vivências adquiridas ao longo desta minha vida.
5 – JM. – A aceitação do que escreve poeticamente é analisada por si em que “meios”? ( facebook, antologias, livros publicados, saraus poéticos e/ou outros)
A aceitação de que fala é constatada por mim e pelas pessoas que me são mais chegadas, pelos amigos, pelas pessoas que comigo convivem e me vão dando esse sinal, pelas minhas duas publicações “As palavras – Escritas pela vida” e “Entre linhas” e como não podia deixar de ser, através das redes sociais.
6 – JM. – Defina a razão das apreensões e dificuldades que os autores têm na edição dos seus próprios livros.
Aquela que me parece ser a principal causa das dificuldades, prende-se acima de tudo com os valores exigidos para a referida publicação, pois as editoras apoiam-se nas verbas enormes pedidas aos autores para que o livro seja editado, não correndo as mesmas qualquer risco no processo. Outra dificuldade passa pelo pouco interesse pela poesia por parte das pessoas em geral e fraca divulgação dos autores e suas obras.
7 – JM. – O que encontra de verdade no que escreve para considerar que é um Autor a ser consagrado?
De verdade é tudo aquilo que escrevo, pois a minha escrita descreve fragmentos da minha vida, das pessoas que me rodeiam e daquilo que os meus olhos conseguiram enxergar ao longo destes vários anos de vida.
8 – JM. – Mencione e transcreva o poema que mais se identifica com o seu sentido de Autor de poesia.Como pode imaginar, a resposta a esta questão não é de fácil resposta pois não tenho uma linha definida de escrita, simplesmente escrevo. Mas como me é solicitada a transcrição de um poema de entre vários possíveis, escolhi um do meu último livro que por sinal também deu o Título ao mesmo, “Entre linhas”:
Palavras com sentido
Escritas sem correção
Distribuídas pelo papel
Com o meu lápis de carvão
Na insanidade das ideias
Faltaram-me no momento
Alguns ecos e silêncios
Dos quais agora lamento
Mas entre estas linhas
O que não foi escrito
Porque a mão não obedeceu
Tornou-se agora infinito
Porque,
Nas Entre Linhas
Prendi-te ao poema
9 – JM. – Mencione duas ou três razões por que há medo de ler poesia e o facto de os saraus poéticos terem pouca gente.
Incentivaria uma escola para declamadores?
Pessoalmente, estou em crer que não existe medo de ler poesia, existe certamente é pouca apetência para a leitura. As pessoas não se sentem motivadas e também não terão quem as motive ou quem lhes abra as portas da poesia. Em tempos, sobre este assunto, cheguei mesmo a pensar, se não teriam atribuído á poesia um rótulo especial que eu desconhecia e que a tornava acessível só a alguns iluminados interpretadores elitistas da mesma. Quanto á pouca afluência de pessoas aos saraus de poesia essa será porventura a regra, mas existem boas exceções, no entanto mais regra seria se a sua divulgação fosse maior.
Uma escola de declamadores abriria seguramente janelas de oportunidade e catapultaria a poesia para outros patamares, pelo que seria certamente uma boa iniciativa.
10 – JM. – Que falta de apoios existe para a divulgação da poesia?
Nos dias que correm os apoios seja para o que for, não são fáceis de conseguir, mas com um pouco de vontade da parte das Entidades Oficiais, quer através da cedência de espaços, quer através da divulgação destes eventos nos boletins oficiais quer ainda com apoio aos escritores para o lançamento das suas obras, poderíamos ter um país mais poético e por conseguinte mais culto.
É meu entendimento também, que a poesia devia fazer parte do programa de português em todos os estabelecimentos de ensino, bem como deveria ser opção da parte do Ministério da Educação para os exames nacionais de português.
———————————- EM BAIXO ESCREVA O QUE ENTENDER SOBRE SI E A ARTE POÉTICA.
Na minha escrita, tento colocar no papel aquilo que os meus pensamentos me ditam e o que me vai na alma a cada instante, quer sejam de vivências acumuladas, alguns encontros e desencontros e muitas emoções e paixões que vou traduzindo em rimas de palavras, com o intuito de as projetar como imagens nas pessoas que as ouvem e interpretam. Arte poética! Aceito de bom grado o uso do termo, mas creio ser acima de tudo um estado de alma que a todos toca mas que infelizmente só alguns desenvolvem.
Saudações poéticas
Carlos Teixeira