Empresas Familiares alertam para riscos da “política da cigarra”

A Associação das Empresas Familiares alertou para os riscos de Portugal passar de “uma política de formiga para uma política de cigarra”, questionando a forma como será paga a “longa lista de benefícios sociais” defendida pela esquerda.

“Há uma longa lista de benefícios sociais, mas nada está dito como vão ser financiados, se forem financiados por essa almofada financeira de 8 mil milhões de euros que o Governo acumulou vai ter um efeito: vai anunciar aos mercados que passamos de uma política de formiga para uma política de cigarra, em 2016 poderemos ter efetivamente uma melhoria no PIB, mas em 2017 vamos de novo pagar o preço”, afirmou o presidente da Associação das Empresas Familiares, Peter Villax.

Escusando-se a revelar qual a avaliação que a Associação faz dos dois cenários que avaliou — “um Governo de iniciativa presidencial ou um Governo minoritário formado pelo PS” -, Peter Villax remeteu a decisão para o Presidente da República, considerando, contudo, que é imperativo que o próximo ministro das Finanças dê “uma palavra de confiança aos empresários”.

“Não existe qualquer preceito constitucional ou legal que defina o que constitui um governo estável e entendemos que é da exclusiva responsabilidade do Presidente da República tomar a decisão em relação a esse novo Governo e não fazemos nenhuma recomendação num sentido ou noutro”, vincou Peter Villax, que falava aos jornalistas à saída de uma audiência com o Presidente da República, que está desde quinta-feira a ouvir os parceiros sociais.

Manifestando-se “muitíssimo preocupado com a crispação” que existe neste momento na sociedade portuguesa e garantindo que o objetivo da associação é “contribuir para o desanuviamento dessa crispação”, Peter Villax alertou para ausência de esclarecimentos nos documentos de posição conjunta assinados por PS, PCP e BE relativamente à “política económica do novo Governo”.

“Portugal já pagou o preço de políticas erradas”, notou, questionando se o país terá de estar sempre a pagar erros de gestão de Governos “que produzem efeitos benéficos a curto prazo, mas que são uma bola de chumbo presa aos nossos pés”.

“Fizemos sacrifícios dolorosos e vamos deitar tudo a perder?”, interrogou.

Peter Villax deixou ainda uma palavra sobre o aumento do salário mínimo nacional, assegurando que a Associação das Empresas Familiares é a favor de “bons salários” que assegurem “uma vida digna”, mas defendeu que que os aumentos devem estar assentes em aumentos de produtividade e ser discutidos em sede de concentração social.

Fonte JN