Empresas de tecnologia com dificuldades em recrutar em Portugal

15.6.2023 –

Vagas de emprego para especialistas nesta área cresceram a um ritmo cinco vezes superior ao do emprego geral, entre 2014 e 2021, e o País não consegue dar resposta à procura.

A maioria das empresas tecnológicas portuguesas tem dificuldades em preencher todas as vagas de emprego. O problema é destacado no relatório anual do “Estado da Nação”, da Fundação José Neves, que constara ainda como a diferença salarial entre licenciados e trabalhadores com o ensino secundáriocaiu para o valor mais baixo de sempre.

A Critical Manufacturing, fundada em 2009 e que desenvolve software para indústrias de alta tecnologia, é exemplo dessas mesmas dificuldades. Tem nesta altura 500 funcionários, quase todos a trabalhar na Maia, mas abriu entretanto mais 200 vagas, que procura preencher até ao final do ano.

Um júnior facilmente começa a ganhar 1.500 euros de salário bruto mensal, fora todos os benefícios que oferecemos, e ainda assim é difícil preencher as vagas”, revela à SIC Teresa Carreiro, da Critical Manufacturing.

Entre 2014 e 2021, as vagas de emprego para especialistas na área das tecnologias cresceram a um ritmo cinco vezes superior às do emprego geral, revela o estudo. E o País não está a conseguir dar resposta à procura.

[O País] não se preparou, e não foi por falta de avisos, para ter mais pessoas formadas e licenciadas nestas áreas. Outro problema foi a enorme procura que há destes recursos e o investimento que houve de empresas estrangeiras em Portugal, que absorvem muita dessa capacidade”, explica Carlos Oliveira, presidente executivo da Fundação José Neves.

Ainda no domínio da tecnologia, este estudo apresenta uma outra conclusão. A de que empresas que apostam mais na digitalização, seja qual for o ramo de atividade, têm ganhos de produtividade na ordem dos 20% e pagam salários cerca de 3% superiores.

Só que, adianta o relatório, quatro em cada 10 trabalhadores portugueses tem funções nas quais não usa ferramentas digitais. E a mesma percentagem, 40% dos trabalhadores portugueses, não tem conhecimentos básicos do ponto de vista digital.

O estudo indica que entre 2021 e 2022 o salário real do jovens qualificados caiu 6% e que a diferença entre o ordenado de jovens com o ensino superior ou apenas com o secundário atingiu mínimos históricos. Desceu de 50% para 27%, apesar de um curso superior continuar a garantir mais dinheiro no final do mês.