O Governo está disponível para equacionar o apoio ao desenvolvimento da vacina contra a covid-19 que a Immunethep, biotecnológica sedeada no Biocant Park em Cantanhede, tem vindo a submeter a testes em animais. Esta posição foi assumida pela ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, no final da reunião com Bruno Santos e Pedro Madureira, respetivamente CEO e Diretor Científico da empresa, a convite da presidente da Câmara Municipal de Cantanhede, Helena Teodósio. “Estivemos a tentar perceber de que modo o Governo poderia apoiar a Immunethep, de que modo o Governo se pode organizar para apoiar a fase de ensaios clínicos, processo que envolve um investimento de 20 milhões de euros”, afirmou a ministra, lembrando que, até ao momento, o apoio recebido pela empresa foi “modesto face às atuais necessidades” (250 mil euros a fundo perdido através do programa operacional regional).
Ana Abrunhosa disse ter saído da reunião “muito entusiasmada, porque temos uma empresa que já deu passos importantes no desenvolvimento de uma vacina contra a covid-19. Nos países onde há produção de vacinas para esta doença, houve apoios às empresas que as desenvolveram na ordem de centenas de milhões de euros e não dos 20 milhões que a Immunethep precisa para realizar os ensais clínicos”, referiu.
Segundo a titular da pasta da Coesão Social, “brevemente haverá uma reunião com outros membros do Governo e o projeto terá ainda de ser avaliado do ponto de vista técnico. “Face às informações que temos, parece-nos que o projeto tem condições para dar o passo seguinte e o que vamos fazer a seguir é estudar um conjunto de informação técnica que nos dê a segurança de que precisamos. Depois, haverá uma candidatura e será analisada”, esclareceu, adiantando que a meta de a vacina estar pronta em 2022 se afigura realista.
A ministra explicou que o projeto do desenvolvimento da vacina poderá ser apoiado quer através de fundos dos programas regionais ou de programas nacionais do Portugal 2020. “Era importante termos este sinal de apoio do Governo, que nos permite mais facilmente reunir os apoios privados e saber como nos orientarmos dentro daquilo que são os diferentes mecanismos que o Governo tem à disposição para apoiar projetos como o nosso”, sublinhou o CEO da Immunethep, Bruno Santos. Em fevereiro, o responsável da biotecnológica afirmou que a vacina poderia estar pronta para entrar no mercado em 2022, mas que para isso necessitava de investimento estatal.
A vacina apresenta “algumas características diferenciadoras”, sendo que, ao contrário das da Moderna e da Pfizer que identificam apenas uma parte importante do vírus, uma proteína, a da Immunethep usa “o vírus como um todo”, o que a torna mais abrangente perante variantes do novo coronavírus. Por outro lado, como a vacina será administrada por inalação, permite uma “maior proteção dos pulmões, que é por onde entra o vírus”, e uma maior facilidade na sua distribuição e administração, por não exigir “nem temperaturas negativas nem um profissional de saúde que saiba administrar por via intramuscular”.
Além da presidente da Câmara Municipal de Cantanhede, Helena Teodósio, na reunião de Ana Abrunhosa com os responsáveis da Immunethep participaram também a Secretária de Estado da Valorização do Interior, Isabel Ferreira, e a diretora Executiva do Biocant, Joana Branco. Em cima da mesa do encontro esteve a possibilidade de a empresa avançar para a criação, em Cantanhede, de uma unidade de produção de vacinas, que poderá depois ser candidatado a financiamento comunitário no âmbito do próximo quadro comunitário de apoio para um investimento estimado em cerca de 80 milhões de euros, ao longo de três anos, e que envolve a criação de até 300 postos de trabalho.