EDITORIAL: Nossa Senhora passou pelo Concelho de Mira… mas, não foi para todos!

A ideia era suprir a frustração de muitos por não poderem estar em Fátima neste 13 de Maio: levar a imagem de Nossa Senhora para a população vê-la tinha tudo para dar certo… só que não deu!

São inúmeras as mensagens que chegaram ao Jornal Mira Online, onde o que prevalece é a “tristeza e frustração” como foi descrito numa destas mensagens, pelo facto de nem todos os locais do Concelho receberem tão importante visita!

Corticeiro de Baixo, Carapelhos, Praia de Mira e Barra de Mira, é certo,“pertencem a outra Paróquia”, como alegam os promotores desta viagem que não andou por todos os lados do Concelho. Sim, é certo, mas a questão que fica é esta: Mesmo não pertencendo à mesma Paróquia, os cidadãos destas localidades que professam a mesma fé religiosa, não eram merecedores de serem incluídos no roteiro deste 13 de Maio? Mais, ainda: A fé que professam os habitantes das outras localidades, estas sim, na Paróquia local, é maior que a fé dos que fazem parte dela?

O que as pessoas que residem naquelas quatro localidades do Concelho não conseguiram perceber neste 13 de Maio é o porquê de serem tratados como se fossem católicos de segunda classe quando, na verdade, Nossa Senhora é universal! 

Quem acredita nela, acredita no Brasil, na Alemanha, na Austrália, na Colômbia ou em qualquer parte. Quem acredita nela não deve – segundo o que estas pessoas entendem – ser diferenciado do outro só porque o organograma da Igreja não é o mesmo que o que delimita um Concelho de Norte a Sul, de Leste a Oeste!

Levar uma imagem adorada por milhões, aqui e acolá, mas não ali, só porque sim, é absolutamente decepcionante para uma parte importante da população mirense… ela merece o mesmo respeito na sua fé que aqueles que residem noutros pontos.

Mas, como um mal nunca vem só, assistiu-se a uma verdadeira cena caricata no centro da vila, onde depois de mais de meia hora de atraso, por ali passou a comitiva composta por um carro e o camião onde foi colocada a imagem. Acontece, porém, que os promotores resolveram, simplesmente, andar um pouco pela Avenida, saírem dela, passarem pelo Bairro Novo e, depois, sem sequer voltarem alguns metros até a rotunda existente, seguiram na direção da Lagoa, com o argumento de que “não era possível alterar o roteiro e, mais tarde, a comitiva voltaria para passar na mesma avenida 25 de Abril” onde deixaram muitas pessoas frustradas e incrédulas, inclusive com um pequeno altar feito para a recepção à imagem!

Por vezes, é preciso que o bom senso prevaleça. Que se deixe de lado limites Paroquiais e que se respeite os limites geográficos. Que se respeite as pessoas! É preciso que se olhe para o papel onde está delineado o percurso e que este seja alterado de forma tal que as pessoas não se sintam frustradas, desnecessariamente.

São em momentos como estes que as pessoas acabam por se afastar, não da fé, mas da própria Igreja. Elas se interrogam pelos motivos pelos quais isso acontece? Como não sabem a resposta, muitas vezes, deixam de acreditar que todos somos iguais… justamente aquilo que lhes é ensinado desde tenra idade: desde a Catequese!

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Francisco Ferra / Jornal Mira Online