20.03.2025 –
O dia 24 de março é celebrado mundialmente como o Dia Mundial da Tuberculose e constitui- se como um momento para refletirmos sobre os avanços no combate a esta doença infecciosa, além de enfatizar a importância da prevenção, do tratamento adequado e da atuação dos profissionais de saúde. A tuberculose, uma das doenças mais antigas da humanidade, continua a representar um grande desafio de saúde pública, mas os progressos no conhecimento e nas
abordagens terapêuticas oferecem esperança para um futuro com erradicação da doença.
Este dia é uma excelente oportunidade para destacar a evolução do tratamento, a relevância da vacinação e o papel essencial dos Enfermeiros Especialistas em Enfermagem de Reabilitação (EEER) no cuidado às pessoas com tuberculose.
O que é a Tuberculose?
A tuberculose (TB) é uma doença infecciosa causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, que geralmente afeta os pulmões, mas pode atingir outros órgãos do corpo. Ela transmite-se principalmente pelo ar, quando uma pessoa infectada tosse ou espirra, libertando gotículas que contêm a bactéria. Os principais sintomas incluem tosse persistente, febre, suores noturnos, cansaço extremo, perda progressiva de peso e, em alguns casos, hemoptise (tosse com sangue). Apesar de ser conhecida desde a Antiguidade, a TB só foi reconhecida como uma doença infecciosa no século XIX, e, durante muito tempo, não havia tratamento eficaz. Infelizmente, muitas pessoas morriam da doença devido à falta de conhecimento sobre a transmissão e à indisponibilidade de tratamento.
A Evolução do Conhecimento e Tratamento da Tuberculose
Nos últimos 100 anos, o conhecimento sobre a TB evoluiu consideravelmente, levando a avanços significativos no tratamento e no controle da doença. Um marco importante ocorreu em 1943, quando foi descoberto o primeiro antibiótico eficaz no combate à tuberculose. Com o tempo, surgiram outros medicamentos, que revolucionaram o tratamento da doença, tornando- o mais eficaz. O tratamento moderno para a TB envolve o uso de uma combinação de antibióticos associado a taxas de cura muito optimistas. No entanto, a resistência aos medicamentos tornou-se um problema crescente, pelo que um acompanhamento rigoroso das pessoas com TB e um uso responsável dos antibióticos é imprescindível.
A prevenção continua a ser uma das formas mais eficazes de controlar a TB, e a vacinação desempenha um papel fundamental neste processo. A vacina BCG (Bacilo Calmette-Guérin) é amplamente utilizada para proteger as crianças contra formas graves da doença, como a tuberculose meníngea e disseminada. Embora a BCG não garanta proteção completa contra a infecção, ela é uma ferramenta essencial para reduzir a mortalidade por TB em crianças. No entanto, é importante destacar que a vacina BCG não faz parte do Plano Nacional de Vacinação em muitos países (como em Portugal), o que limita seu acesso e a abrangência da sua aplicação, comprometendo assim os esforços para o controle da tuberculose. É importante que as campanhas de vacinação sejam contínuas e alcancem as populações mais vulneráveis, especialmente em países com alta carga de tuberculose. A imunização é um componente-chave
para controlar a propagação da doença e reduzir os impactos sociais e económicos associados.
No contexto do tratamento da TB, a atuação do Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Reabilitação (EEER) é determinante. Este profissional tem um papel destacado no cuidado contínuo a estas pessoas, não apenas durante o tratamento inicial, mas também no processo de reabilitação após a cura da infecção. A TB pode deixar sequelas físicas e psicológicas, como dificuldades respiratórias, fraqueza muscular e estresse emocional. O EEER é responsável por desenvolver planos de cuidados personalizados, promovendo programas de reabilitação eficazes e adequados à pessoa. Isto inclui o acompanhamento da adesão ao tratamento, a monitorização de efeitos colaterais dos medicamentos, o fortalecimento da função pulmonar e o suporte psicológico para ajudar a pessoa a superar os
desafios pós-tratamento. Além disso, os enfermeiros especialistas em reabilitação desempenham um papel educativo
importante, orientando as pessoas (e a família) sobre a doença, prevenindo recaídas e promovendo hábitos saudáveis para evitar a transmissão e complicações futuras. Mas o combate à TB não é responsabilidade de um único profissional ou instituição. Exige uma abordagem integrada entre profissionais de saúde, autoridades de saúde pública e a população em geral. A organização do Sistema de Saúde tem um papel fundamental no controle da doença,
garantindo que todos as pessoas tenham acesso a diagnóstico precoce, tratamento adequado e acompanhamento contínuo. A consciencialização da população sobre os sinais e sintomas da TB, a importância da adesão ao tratamento e a vacinação são aspectos essenciais para evitar a propagação da doença. Além disso, a adequada alocação de profissionais, como os EEER, garante que as pessoas não apenas sobrevivam à doença, mas também tenham uma
recuperação completa e uma boa qualidade de vida após o tratamento.
O Dia Mundial da Tuberculose é uma oportunidade para refletirmos sobre os progressos feitos no combate à doença e os desafios que ainda enfrentamos. O conhecimento, a vacinação e os tratamentos eficazes têm sido fundamentais para salvar vidas, mas a tuberculose continua a ser uma preocupação global. O trabalho contínuo de profissionais, como os Enfermeiros Especialistas em Enfermagem de Reabilitação, é essencial para garantir que as pessoas não
apenas recuperem, mas também se reintegrem plenamente na sociedade. No dia 24 de março, lembramos que a luta contra a tuberculose é uma responsabilidade de todos e que, com consciencialização, prevenção e intervenção especializada, podemos alcançar um futuro com mais e melhor saúde!
Por Inês Abalroado
Enfermeira Especialista em Enfermagem de Reabilitação, Mestre em Enfermagem de
Reabilitação, Doutoranda em Enfermagem, secretária do Colégio de Enfermagem de
Reabilitação da Ordem dos Enfermeiros.