Dez anos de prisão para mãe que se atirou ao rio com o filho

A mulher que confessou ter-se atirado ao rio Cávado com o filho ao colo, em Barcelos, foi condenada a dez anos de prisão por homicídio simples, esta tarde de quarta-feira.

Para já, a arguida estará sujeita a um internamento temporário numa unidade de saúde mental, mas não prisional. Assim que estiver recuperada, transitará para uma prisão.

O Tribunal de Braga considerou que a arguida apresenta sintomas suicidas e precisa de acompanhamento apertado de especialistas na área da psiquiatria e de ser devidamente medicada e sublinhou que as prisões “não são adequadas” a um recluso com este estado clínico.

A arguida, que ontem a tarde não compareceu à leitura do acórdão, já se encontra internada preventivamente com pulseira eletrónica numa casa de saúde mental de Nogueiró, em Braga.

Susana Pereira, de 37 anos, desempregada, natural e residente em Barcelos, com dois filhos menores, lançou-se ao rio com o filho mais velho, de seis anos, Carlos Pereira Oliveira, no dia 17 de junho de 2016, numa atitude que disse ser “de desespero”.

Pouco antes do ato, presenciado por vários populares conseguiram salvar a mulher, mas não a criança, Susana Pereira deixou cartas de despedida ao marido e aos sogros.

No escrito que deixou ao marido, Carlos Gonçalves Oliveira, que a arguida acreditava andar a enganá-la com uma colega de trabalho, Susana Pereira explicou por que levava o filho: “Já não aguento sofrer mais, toma conta do pequeno, o Carlinhos vai comigo, ele sem mim iria sofrer muito, assim é o melhor, se não conseguires ficar com o menino, entrega-o à tua irmã”.

Na carta que escreveu aos sogros pediu perdão: “Só peço desculpa por o que fiz, o meu sofrimento é tão grande que não aguentava mais. O vosso filho meteu-se com uma colega de trabalho, não merecia isso. Chateávamo-nos às vezes, mas não era motivo para ele me fazer isso. Se alguém não merecia era eu, que dava tudo para casa. Levei o Carlinhos comigo, foi melhor”.

“Ele vai sofrer muito sem mim e se o vosso filho não conseguir ficar com o Luisinho, por favor, a Sofia, vossa filha, que fique com ele. Com ela vai ficar tudo bem. Adeus para sempre. Não culpem o vosso filho, eu é que não aguentava tanto sofrimento” – lia-se na carta.

Por cima das folhas, Susana Pereira deixou, simbolicamente, a sua aliança de casamento e, ao lado, o vestido e os sapatos de noiva.

Na audiência, o marido optou por não falar, usando assim a prerrogativa legal dada a ausência de laços familiares com a arguida.

Fonte: JN