O desemprego atingiu 12,9 milhões de pessoas no Brasil no primeiro trimestre do ano, informou hoje o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A taxa de desemprego subiu 1,3 pontos percentuais face ao último trimestre de 2019 quanto estava em 11%, atingindo 12,2% da população economicamente ativa.
Os dados recolhidos pelo instituto de estatísticas do Governo brasileiro indicam que 1,2 milhões de pessoas entraram na fila do desemprego nos últimos três meses, período em que o país sentiu os primeiros impactos do novo coronavírus.
Num comunicado, o IBGE minimizou influências externas no resultado e avaliou que a subida do número de desemprego já era esperada.
“Esse crescimento da taxa de desocupação já era esperado. O primeiro trimestre de um ano não costuma sustentar as contratações feitas no último trimestre do ano anterior. Essa alta na taxa, porém, não foi a das mais elevadas. Em 2017, por exemplo, registamos 1,7 pontos percentuais”, disse Adriana Beringuy, analista de pesquisa do IBGE.
A especialista reconheceu, porém, que houve uma queda disseminada nas formas de inserção do trabalhador no mercado laboral.
“O movimento, contudo, foi mais acentuado entre os trabalhadores informais [sem contrato de trabalho]. Das 2,3 milhões de pessoas que deixaram o contingente de ocupados, 1,9 milhão é de trabalhadores informais”, disse Adriana Beringuy.
Houve perda de empregos em todas as atividades pesquisadas, com a indústria registando recuo de emprego de 2,6%, na construção (6,5%), comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (3,5%), alojamento e alimentação (5,4%), outros serviços (4,1%) e serviços domésticos (5,9%).
Ainda de acordo com a pesquisa do IBGE, o total de pessoas que se enquadram nas condições para ter um emprego que estão fora do mercado de trabalho no Brasil subiu para 67,3 milhões.
Esse grupo é composto por pessoas que não procuram trabalho, mas que não se enquadram no desalento. Os desalentados são as pessoas que desistiram de procurar emprego, que somaram 4,8 milhões.
“A população fora da força de trabalho já vinha crescendo, e é importante lembrar que no primeiro trimestre de cada ano, essa população costuma aumentar, porque é um período de férias e muita gente interrompe a procura por trabalho”, avaliou Adriana Beringuy.
A analista do IBGE não garante que as medidas de isolamento social, provocadas pela pandemia da covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus, refletiram na taxa de desemprego do país do trimestre fechado em março.
“Grande parte do trimestre ainda está fora desse cenário. Não posso ponderar se o impacto da pandemia foi grande ou pequeno, até porque falamos de um trimestre com movimentos sazonais, mas de fato para algumas atividades ele foi mais intenso”, concluiu.
Lusa