O Centro de Iniciação Teatral Esther de Carvalho (CITEC), de Montemor-o-Velho, vai promover “novos olhares” e “novas visitas” ao castelo da vila na sequência de recentes descobertas de “importantes vestígios históricos” nas muralhas do monumento.
O projeto nasceu depois de o arqueólogo Marco Penajoia ter identificado “vários vestígios históricos” no amuralhado do castelo de Montemor-o-Velho, no Baixo Mondego, disse hoje à agência Lusa Deolindo Pessoa, da direção do CITEC.
“No decurso de uma avaliação ao amuralhado do castelo de Montemor-o-Velho”, no Baixo Mondego, distrito de Coimbra, Marco Penajoia, também dirigente do CITEC, “identificou vários vestígios históricos presentes nos elementos pétreos e nos revestimentos em argamassa”.
As descobertas fizeram com que o CITEC desenvolvesse um projeto, denominado `Pedras falantes`, no sentido de criar um novo programa de vistas guiadas ao castelo da vila, que já foi ensaiado e deverá começar a ser posto em prática em 2016, adiantou Deolindo Pessoa.
Há no castelo de Montemor-o-Velho vestígios históricos, de acordo com os achados de Marco Penajoia, que “remetem para histórias pouco conhecidas”, sublinhou.
A ideia é promover dois tipos de visitas guiadas, uma de “caráter mais arqueológico, mais científico”, e outra com uma “componente mais dramatúrgica e mais lúdica”, explicitou o dirigente do CITEC.
“Temos estado a testar o projeto [de visitas regulares], que pensamos pode ser um produto de turismo cultural” e que “pode ser uma mais-valia”, referiu Deolindo Pessoa.
O CITEC, grupo de teatro fundado em 1970, em Montemor-o-Velho — que desde 1974 organiza um festival de teatro, que a partir de 1982 se designa por CITEMOR (Ciclo de Teatro de Montemor-o-Velho) — vai, entretanto, contactar a Câmara de Montemor-o-Velho, a entidade regional Turismo do Centro e a Direção Regional de Cultura do Centro, entre outras entidades, no sentido de obter o seu apoio para o projeto.
“Pretendemos também envolver outros agentes culturais da região” e “fazer “o enquadramento” do programa no património local e da região, salientou.
Durante as investigações de Marco Penajoia foi identificada “uma importante inscrição árabe, vários grafitos de feição medieval e marcas de canteiro”.
Entre os grafitos identificados, “existe um conjunto esquemático que revela, por exemplo, um guerreiro medieval com toda a sua indumentária associada, um zoomorfo e também vários símbolos de índole protetora”.
A presença de “uma embarcação que questiona o cariz náutico em combinação com o mundo dos ex-votos” é outros dos vestígios assinalados pelo arqueólogo.
Há ainda uma pedra moçárabe, que “remete para o século XI”, que, de acordo com Marco Penajoia, é a “primeira inserção com referência a uma mulher (Eugénia) no Baixo Mondego”, exemplificou Deolindo Pessoa, referindo que essa figura está a ser investigada.
Estas identificações não só acrescentam “caudal científico ao que já se conhece”, como também irão “dinamizar a historiografia do Baixo Mondego, pois demonstram aspetos raríssimos nesta região”.
A avaliação do arqueólogo contou com “importantes contributos de técnicos e investigadores associados”, como a Câmara de Montemor-o-Velho, a Direção Regional de Cultura do Centro, as universidades de Coimbra e de Málaga e o Campo Arqueológico de Mértola.
Marco Penajoia, além de vice-presidente do CITEC, é investigador do Centro de História da Sociedade e da Cultura (CHSC) da Universidade de Coimbra e recebeu um prémio nacional da Academia Portuguesa da História em 2012.
Os resultados destas descobertas de Marco Penajoia vão ser publicados no próximo número da revista do CHSC, cuja apresentação está agendada para quarta-feira, 28 de Outubro, às 15:00 horas, no Museu Nacional de Machado de Castro, em Coimbra.
Fonte: Lusa/Mira Online